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Independência ou Morte?Em 1977, Rita Lee perguntava ‘O que foi que aconteceu com a música popular brasileira?’, em Arrombou a Festa. A música, que se tornou seu primeiro grande sucesso, era uma provocação e um desejo da Ovelha Negra, considerada ‘gringa’ por ser roqueira, fazer parte daquele universo. 30 anos depois, agora um dos maiores nomes do pop brasileiro, continua fazendo parte da mÃdia e está no elenco de uma gravadora independente. Não está sozinha nesse barco, vários outros nomes de ponta da música brasileira aderiram a essa condição de ‘independência’ para lançar seus discos.
O que mudou, a música ou a indústria? Os dois. Se por um lado o mercado musical brasileiro só tem espaço para música de ‘facÃlima assimilação’ – e quem não sabe ou não quer fazer isso não participa do ‘mainstream’ musical brasileiro, composto por rádios e programas de TV de grande audiência –, por outro lado o mundo digital e a revolução tecnológica que ele provocou têm ajudado a libertar a produção musical do circuito das grandes gravadoras. Hoje qualquer um com recursos não tão grandes pode gravar um CD, divulgar seu trabalho através da Internet e tentar alcançar o público. Essa divulgação ainda é um entrave, mas o que foi conquistado não tem retorno.
O projeto Independência ou Morte? quer mapear através de shows, debates e bate-papos a importância artÃstica e econômica da música independente no Brasil. O evento pretende consolidar-se como uma mostra anual desse segmento da nossa música, primeiramente partindo de São Paulo para chegar ao resto do paÃs.
Independentes, com aspas, são os músicos, produtores, técnicos, instituições e empresas que produzem, distribuem, divulgam e fomentam espaços e polÃticas para a música brasileira, que fazem circular os lançamentos mais autênticos, inovadores e contemporâneos dessa mesma música, fora das grandes gravadoras. A pergunta do tÃtulo evoca a importância decisiva que a independência artÃstica assumiu para o surgimento, sobrevivência e continuidade de trabalhos artÃsticos não absorvidos pela indústria cultural.
Essa série de shows e discussões quer investigar e divulgar este cenário cada vez mais em ascensão, assim como a música independente numa perspectiva polÃtica ampla, enquanto movimento socialmente expressivo, que deve ser desenvolvido, divulgado, discutido pela sociedade e inserido no âmbito das polÃticas culturais.