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Arrigo Barnabé

O Homem dos Crocodilos!

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Arrigo Barnabé nasceu em Londrina, PR, em 14 de Setembro de 1951. Em São Paulo, cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (1971 a 1973) e a Escola de Comunicações e Artes (1974 a 1979), onde fez o curso de composição, no Departamento de Musica. Ainda na década de 1970, participou do Festival Universitário da TV Cultura com a musica Diversões eletrônicas. Lançou seu primeiro LP, Clara Crocodilo, em 1980.Excursionou pelo Brasil em 1983, ano em que compôs a Saga de Clara Crocodilo para a Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo e grupo de rock. Ainda em 1983, recebeu prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Gramado RS pela musica do filme Janete, de Chico Botelho. No ano seguinte, obteve reconhecimento internacional com seu segundo disco, Tubarões voadores (selo Barclay), eleito pela revista francesa Jazz Hot como um dos melhores do mundo. Em 1985 foi premiado no Riocine Festival pela musica do filme Estrela nua, de José Antônio Garcia e Ícaro Martins. Um ano depois, a APETESP deu-lhe o prêmio de melhor composição para teatro, pela musica de Santa Joana. No mesmo ano, lançou o LP Cidade oculta e recebeu prêmio de melhor trilha sonora no Riocine Festival, pela musica do filme Cidade oculta, de Chico Botelho. Dois anos depois, no Festival de Cinema de Brasília DF, ganhou o prêmio de melhor trilha sonora, pelo filme Vera, de Sérgio Toledo.No Festival de Cinema de Curitiba PR de 1988, ganhou o prêmio de melhor trilha sonora pela musica do filme Lua cheia, de Alain Fresnot. Com Itamar Assumpção, participou de shows por todo o Brasil, em 1991. No ano seguinte, lançou o CD Façanhas. Em 1993 apresentou-se no Podenville, em Berlim, Alemanha. Sua peça Nunca conheci quem tivesse levado porrada, para a Orquestra Jazz Sinfônica, banda de rock e quarteto de cordas, teve apresentação no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 1994.Em 1995 participou do Primeiro Festival de Jazz e Música Latino-Americana, em Córdoba, Argentina. No Teatro Municipal, de São Paulo, apresentou sua peça Musica para dois pianos, percussão, quarteto de cordas e banda de rock. Trabalhou então com um grupo heterodoxo: um quinteto de percussão (do qual fazia parte), um quarteto de cordas de São Paulo e a Patife Band, de rock pesado, liderada por Paulo Barnabé, seu irmão. Apresentou-se em 1996 no Teatro Rival, na serie Encontros Notáveis, em duo de pianos com Paulo Braga. No mesmo ano, dividiu com Tetê Espíndola um show no Centro Cultural São Paulo.Com trabalho singular na musica brasileira, tem composições de características que vão do dodecafonismo a atonalidade. Sempre na fronteira entre o erudito contemporâneo e o popular, na década de 1990 escreveu quartetos de cordas e peças para a Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo. Em 1997, depois de quatro anos sem gravar, lançou o CD Ed Mort, do selo Rob Digital, trilha sonora do filme de mesmo nome, dirigido por Alain Fresnot.

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Influences: ARRIGO BARNABÉ:MÚSICO OU POETA?eu sou um inventor. acho que sou um inventor e um músico, mas o que eu me sinto mais mesmo é como inventor. um cara que inventa coisas.A SEQUÊNCIA DAS VOGAIS comecei a aprender a compor quando fui fazer cursinho, em 1970. os professores explicavam o que era pintura e projetavam, p. ex., um quadro de picasso na lousa... eu me lembro que olhava e não entendia... mas isso começou a me dar noção de composição. pouco depois, tive contacto com o trabalho de ezra pound, que foi muito importante para mim. aquela observação dele, de que para se recuperar a arte de fazer poesia cantada é preciso prestar atenção na sequência das vogais no verso, foi decisiva para mim. eu ficava me exercitando dentro disso. minha formação básica é de música erudita. o universo dentro do qual eu queria criar passou a existir em minha cabeça a partir da audição de bartók, stravinsky e outros. foram eles que me levaram a fazer música. CLARA CROCODILO: SOM E PALAVRA eu me preocupo bastante em fazer com que a palavra saia fluente dentro da frase musical. fluente e natural. tenho um cuidado grande em não criar um negócio que fique parecendo "modernoso", "bizarro". quero fazer sempre uma coisa que tenha sentido exato. que o canto tenha nexo, que seja adequado à melodia atonal que estou usando. além do que, certos temas exigem um determinado tipo de música. em DIVERSÔES ELETRÕNICAS, p. ex., não daria para eu usar o gênero rock. o rock não transmitiria o significado das palavras, ficaria fraco, aguado. muita gente, no brasil, faz letras agressivas, legais, mas uma música regressiva, que não acompanha o próprio pique da letra. quando faço uma letra, fico muito atento ao som das palavras, como ELES soam. o significado da palavra também importa, mas me preocupo demais em adequar o som da palavra ao som da música. quando escolhi o nome CLARA CROCODILO lembro-me que tinha acabado de ler o poema AURA AMARA, do trovador provençal arnaut daniel (em tradução de augusto de campos), no livro ABC DA LITERATURA, de ezra pound, e estava com esse nome/som na cabeça. AURA AMARA. reparei que é uma palavra econômica, só possui, na verdade, quatro letras, o A, o U, o R e o M e, eu queria um nome assim, mas que fosse, ao mesmo tempo também, a articulação de duas coisas opostas tipo, p. ex., PLUMAS E PEDRAS. aí me veio essa palavra CLARA, que representa luz, justaposta a CROCODILO, que representa coisa escura. feminino/masculino. CLARA dá a idéia de luz, enquanto CROCODILO dá a idéia de pântano, de "lá no fundo", de "debaixo d'água", de coisa escura. e havia CLA, depois CRO, uma simples troca de letras: o CL e o CR formando combinações. e eu queria experimentar essa coisa de combinação do som das palavras, como se fossem notas musicais. o R da palavra CLARA vai aparecer no CRO e, em seguida, vem o C de CO, que, antes, já havia aparecido junto a uma consoante e as únicas letras que não se repetem são o D e o I, de DI, pois, em seguida, vem o L de LO, que já estava na palavra CLARA, e a vogal O, contida em toda a palavra CROCODILO. isso tudo eu penso de modo consciente quando vou compor, minhas peças não surgem espontaneamente. este tipo de composição, com as palavras, está bem nítido na CANÇÃO DOS VAGALUMES. procurei no dicionário todas as palavras que começassem com duas consoantes, como BR, de brejo, brinco, brilho, porque eu queria que, quando uma pessoa ouvisse a música, ao mesmo tempo sentisse o som BRI / BRI das palavras, como o sinal luminoso ou o ruído dos vagalumes mesmo. essa sonoridade, óbvio, levaria a pessoa a ver imagens. esse método de composição é muito complexo, difícil, mas gostaria de trabalhar todas as minhas peças desse jeito.RADICALIZAR A TROPICÁLIA? meu trabalho está ligado às expectativas abertas pelo tropicalismo. comecei em 1972. em londrina, a gente achava que, depois do avanço de caetano, gil, gal, pintaria uma coisa que incorporasse de forma mais intensa as conquistas recentes da música erudita. a bossa nova chegou até o "impressionismo musical". a tropicália, apesar de informada sobre música dodecafônica, atonal, eletrônica, voltou-se mais para a elaboração das letras, dos textos e para a revolução no comportamento. e, depois dela, em vez de evolução, houve INVOLUÇÃO. a tropicália, em termos harmônicos a musicais, pode ser considerada um retrocesso em relação à bn. embora, em alguns momentos, ela ousasse na forma musical, como em ACRILÍRICO, de caetano, que é um negócio pra frente. sim, o ARAÇA AZUL, onde caetano revisita o lado mais radical da tropicália. mas ARAÇA é um gesto, digamos, isolado e posterior. mas a tropicália, sem dúvida, traçou uma aproximação entre música erudita e música popular. e eu me perguntava, por que não partir disso? por que não levar em conta a existência de john cage, schoenberg? por que não fazer uma música "popular" atonal? por que não transar o contra-ponto? caetano a gil (e os outros) mostraram a viabilidade da convivência criativa entre o "erudito" e o "popular", mostraram que a gente pode juntar, num mesmo espaço, linguagens diversas. e eu, desde aquela época, queria radicalizar, com ênfase na construção musical, esse projeto, acrescentando ainda mais elementos. eu queria enlouquecer mesmo.SOM E GRAFITE EM SAO PAULO os grafites de SP são legais, no entanto, podiam ser melhores. eu, logo que começaram a surgir, não prestei muita atenção. curtia o "ORA H ", e só. hoje, já curto mais. você viu, em meu show na rede bandeirantes, no final de 81, uma sprayação que fiz numa faixa branca com a frase NÃO REPETIR APESAR DO BIS, de marcel duchamp? (depoimento de arrigo barnabé a cristina fonseca)
Record Label: Thanx God
Type of Label: Indie