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As circunstâncias são conhecidas: crise da indústria, crise da divulgação, abaixamento do espÃrito crÃtico, superabundância de produção, diminuição do valor do mercado, diminuição dos investimentos editoriais. Nas actuais condições, não foram muitos os projectos portugueses de música popular que conseguiram criar carreira neste século XXI. Menos ainda os que criaram uma carreira marcante, já referenciada internacionalmente. E verdadeiramente escassos os que conseguiram tudo isso cantando em português uma música eléctrica. São essas as primeiras razões pelas quais o caso dos MESA merece uma atenção especial.Dois anos após a sua primeira maqueta ter sido divulgada e apreciada por alguns media, publicaram um primeiro álbum de espantar, que teve três edições distintas – uma delas contando com a inesperada participação de uma das figuras lendárias do rock americano, Scott Walker – e viria a ser referido na prestigiada Billboard como um dos 10 melhores discos europeus de 2004. Em 2005, após terem assinado pela primeira vez com uma multinacional, publicaram «Vitamina», gravado no Porto e em Nova Iorque, que veio confirmar a fluência com que o grupo de João Pedro Coimbra e Mónica Ferraz assimilara, para agora devolver sob nova forma, algumas das melhores tradições da música popular das últimas décadas, criando um som de fusão atÃpico onde alguns viram desde logo uma «combinação perfeita entre rock’n’roll, jazz e música electrónica».O terceiro álbum, «Para Todo o Mal», agora publicado pela BMG, reata essa linguagem ao longo de 11 novos momentos de um insólito teatro sónico em que os timbres da voz de Mónica Ferraz se envolvem em jogos candentes com as tessituras rÃtmicas e harmónicas elaboradas por João Pedro Coimbra (bateria, percussão, teclas, electrónica), Jorge Coelho (guitarras) e Miguel Ramos – ocasionalmente com o apoio de alguns convidados, como o guitarrista Alexandre Soares, o saxofonista José Pedro Coelho, ou o percussionista Jean-François Léze. O trabalho teve uma exigente e demorada pré-produção, sendo posteriormente complementado com sonorizações incidentais e com algumas gravações efectuadas na Casa da Música (Porto) e no estúdio Som de Lisboa. O trabalho gráfico do disco foi realizado pela artista plástica australiana Ali J (Alicia Rosam).