GLAUCIA NASSER – "A VIDA NUM SEGUNDO" (LIFE IN A SECOND)
Her first two albums highlighted her voice.
It caught the attention of privileged ears like Roberto Menescal’s, Ivan Lins’s and Nelson Motta’s, conquered the airwaves and went on an international journey. The American label Putumayo, global leader in the world music segment, included the track "Lábios de Cetim" in the collection Acoustic Brazil, side by side with songs by Chico Buarque, Caetano Veloso and Gal Costa. "Lábios de Cetim" had been originally released on Glaucia Nasser’s first album, in 2003.
Her second album, Bem Demais (2005), was made under the sign of eclecticism and sophistication, and opened new roads for Glaucia Nasser. With the collaboration of producer/musical director Sérgio de Carvalho, responsible for some of Chico Buarque’s masterpieces in the 70’s, she recorded "Bem Demais," a brand-new Ivan Lins & Celso Viáfora song. She also got a lot of airplay with "Balanço Zona Sul," a standard by Tito Madi that sings of the charm of the girls from Rio.
But it’s only now, with A Vida Num Segundo, that this native of the state of Minas Gerais displays all her potential. The star of the 14 songs is not only the singer; we’re not talking about just a voice at the service of different characters and songwriters. Glaucia Nasser’s third CD makes a strong impression from the very beginning with the daring melodic phrasing of "Basta Sentir." But if you listen to the whole album you’ll be touched and teased by a woman and her vision of the world. Sensitive, delicate, tender and, at the same time, bold and adventurous, Glaucia penned every song in the album, most of them together with her bassist Ivan Rosa. She creates her tunes singing, and two friends, Andréa Flor and Marta Costa, write the lyrics. Their affinity and harmony allow them to write words that clearly reflect Glaucia’s innermost voice. The album also features songs like "Povo do Brasil," that shows Glaucia’s social concern (she does voluntary work with needy children), "Clareia" and "No Tom da Terra," intense tunes that remind us of one of her musical passions: Gonzaguinha.
Produced by Glaucia herself together with guitarist Luiz Enrique, A Vida Num Segundo also features delicate moments. One of them is "Dois a se Amar," recorded in a duet with Renato Motha and embellished with violins, cellos and violas. The strings, arranged by Nilton Moreira, also give a larger dimension to the pop song "Vida em Cena." And there’s the influence of Milton Nascimento’s Corner Club, made clear in the epic, demanding melody of "Louca Aventura."
On the title track, Glaucia shows all her charisma comparing the rhythm of life in the metropolises with that in small towns, something she’s experienced herself. Running on a different track, with the help of Luiz Enrique’s electric guitar, loops and samples, she gives a new dimension to the blues "Amor Fugaz," that carries a clear Djavan flair. Glaucia feels comfortable with another tradition from Minas Gerais: the crossroads between MPB and pop, but she can also surprise you with her very personal sambas. An example of this is "Diário," with a funky electric guitar and a cuÃca (small friction drum) that converse like old samba maestros.
It’s impossible to establish geographic borders for A Vida Num Segundo; on her third album, Glaucia Nasser just sings her own truth: a personal truth that’s more than welcome in the Brazilian music scenario today.
Pedro Só
January 2008
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___________GLAUCIA NASSER – “A VIDA NUM SEGUNDOâ€
Nos dois primeiros discos, ela mostrou a voz.
Chamou a atenção de ouvidos privilegiados como os de Roberto Menescal, Ivan Lins e Nelson Motta, conquistou espaço em programações de música popular brasileira, e começou a botar os pés no mundo. A gravadora americana Putumayo, lÃder no segmento de world music, pescou de seu primeiro disco (Glaucia Nasser, de 2003) a faixa “Lábios de Cetimâ€, do compositor AnÃsio Dias, para integrar a coletânea Acoustic Brazil, junto a gravações de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gal Costa.
No segundo álbum, Bem Demais (2005), pautada por ecletismo e sofisticação, Glaucia Nasser avançou por outras praias. Sob direção musical e produção de Sérgio de Carvalho, responsável por obras-primas de Chico Buarque na década de 70, ela teve o prazer de registrar uma inédita de Ivan Lins (“Bem Demaisâ€, parceria dele com Celso Viáfora) e freqüentou programações de rádio revivendo a carioquice dourada de “Balanço Zona Sulâ€.
A canção de Tito Madi tinha entrado no repertório por idéia da própria Glaucia, seduzida pela clássica gravação de Wilson Simonal. Mas é agora, em A Vida Num Segundo, que esta mineira se expõe por inteiro. Quem estrela as 14 músicas não é apenas a intérprete, não é a voz a serviço de vários personagens e autores. O terceiro álbum de Glaucia Nasser impressiona de cara com os vôos melódicos arriscados de “Basta Sentirâ€. Mas quem escuta o disco todo conhece, reflete e se emociona com uma mulher e sua visão de mundo.
SensÃvel, delicada, sem a agressividade vazia de umas, sem a pose de diva de outras, sem cinismo e sem redes de proteção. Glaucia é autora de todas as canções, quase todas criadas em parceria com Ivan Rosa, baixista de sua banda. Compõe solfejando as melodias. Duas amigas, a goiana Andréa Flor e a mineira Marta Costa, escrevem as letras; por desÃgnios de afinidade e amizade, elas conseguem criar textos em total sintonia com a voz interior da cantora. A trajetória particular de Glaucia está no disco, traduzida em versos como os de “Vida em Cenaâ€. “Corta! A cena tem que parar/(...) Quando eu vi/ estava na novela/ Noite e dia preso sem janela/ O final não é pra mim/ Recusar ou desistir/ Personagem que eu fui/ Que devolvo para a vida conhecer!â€
Mãe de dois filhos, sólida carreira construÃda como executiva de marketing, vista como dama de ferro em sua cidade, Patos de Minas, Glaucia trocou um possÃvel futuro na polÃtica pela música. A virada começou a se desenhar a partir do nascimento do primeiro filho e do autoconhecimento trazido pela maternidade. Não foi fácil: no processo, superou um sério problema de saúde e contou com a ajuda de amigos como AnÃsio Dias. Além, é claro, de muita dedicação. Para fazer aulas de canto em Belo Horizonte, Glaucia chegava a acordar à s 5h da manhã e encarar quase 400 quilômetros de estrada.
A visão empresarial a ajudou a chegar até o terceiro disco, mas ela hoje comemora a dedicação integral ao lado artÃstico: “Agora minha vida virou músicaâ€. É nesse espÃrito que Glaucia transforma em canção uma brincadeira entoada pelo filho Felipe durante o banho. E justamente nesta música, “Povo do Brasilâ€, ecoa sua indignação de cidadã, credenciada por anos de trabalho voluntário com crianças carentes. “Eu sinto que eu posso cantar issoâ€, argumenta. Não por acaso, em “Clareia†e “No Tom da Terraâ€, essa consciência com a veia do pescoço à mostra e nem aà para patrulhas faz lembrar uma de suas paixões musicais, Gonzaguinha.
A produção, em conjunto com o violonista e guitarrista Luiz Enrique, também ajuda a cantora a assumir a mineirice em registros mais delicados. Renato Motha, grande revelação da música popular das Alterosas nos anos 90, trança vozes com Glaucia na bela “Dois a se Amarâ€, emoldurada por violinos, cello e viola. Em contexto mais pop, as cordas arranjadas por Nilton Moreira também conferem nobreza a “Vida em Cenaâ€. E não poderia faltar um aceno ao Clube da Esquina, revivido com tintas épicas na melodia exigente de “Louca Aventuraâ€.
Na faixa-tÃtulo, “A Vida Num Segundoâ€, Glaucia esbanja charme comparando o ritmo das metrópoles com o das cidades do interior. Canta o que conhece, sem intermediários. Em outra onda, amparada pela guitarra de Luiz Enrique, loops e sons sampleados, traça com graça o blues djavaneado de “Amor Fugazâ€. Passeia pelo entroncamento entre MPB e pop que também é tradição das Geraes, mas oferece boas surpresas de extração sambista. Na mais empolgante delas, o samba moderno “Diárioâ€, guitarra funkeada e cuÃca versam como velhos partideiros. Não convém delimitar fronteiras geográficas para A Vida Num Segundo; em seu terceiro disco, Glaucia Nasser só se prende a sua verdade. Uma verdade autoral e mais do que bem-vinda no cenário musical brasileiro.
Pedro Só
Janeiro 2008
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