605 Forte

No dia 1 de Outubro de 1991, três amigos de Santa Iria de Azóia (arredores de Lisboa) decidiram ir a uma sala de ensaios para se divertirem um pouco. Mas após alguns momentos aperceberam-se de que o que estavam a criar podia ser algo mais do que um simples ensaio. Foi então que surgiu a ideia de criar uma banda. Eram apenas três. O Biléu na bateria, o Caldas na voz e o Migrilo na guitarra. Faltava um baixista... Surgiu o Montes. Eram uma banda, mas... faltava um nome. Um nome que chamasse à atenção e que se identificasse com o estilo de música e com os elementos da banda. O Caldas sugeriu “605 FORTE”... Assim ficou. Era ideal. Um mês mais tarde surgiram as duas primeiras músicas: “Salta-me um carreto!” e “Alcoolicamente bem disposto”. Dois temas muito irreverentes e crús, à imagem da banda nesta altura. Mais tarde surge “Delinquente Mental” e “Tropa”. Contudo, o baixista Montes é obrigado a sair por motivos pessoais e entrou um novo baixista: Filipe, vulgo “F’lip Burton”. A sua formação musical era superior, o que contribuiu decisivamente para dar um novo impulso da banda rumo a músicas mais elaboradas. Com F’lip e com o Migrilo a evoluir na composição de solos para encaixar nas músicas, a banda apercebeu-se que era necessário um segundo guitarrista. Entrou o Bago. Agora a banda estava completa. Era altura de mostrar ao mundo aquilo que tinham criado nos últimos seis meses. Surgiu um concerto em Santa Iria de Azóia. No entanto, o primeiro concerto criou o primeiro grande problema. O F’lip não estava em Lisboa e não poderia actuar. A banda arranja um baixista à ultima da hora e ensina-lhe as quatro músicas em menos de 24 horas. No dia 27 de Junho de 1992, à banda faz a sua estreia em palco em Santa Iria, diante de cerca de 500 pessoas, sendo considerada pelo público presente uma das melhores actuações da noite. Os padrinhos de baptismo foram os PSICO-CRITIK, cabeças de cartaz. Um mês mais tarde, o F’lip anuncia à banda que vai viver para o norte de Portugal e que os vai deixar. Novamente à procura de baixista... Em Outubro de 1992 entra o novo baixista: Honório. Com ele a banda conhece uma nova era criativa e, sobretudo, organizativa. Começam a surgir novos temas e, mais importante, novas oportunidades de actuar ao vivo. Em 1993, a banda cria 5 novos temas (“Overdose”, “Poluição”, “Sociedade”, “Quem sou eu?” e “Agarrado”) e actua ao vivo cerca de 10 vezes, para assistências médias de 250 pessoas. Com estes novos temas a banda define por completo a sua imagem e a mensagem que pretende transmitir ao público. Uma mensagem de crítica social, de incentivo à criatividade nos jovens e, sobretudo, de prevenção aos perigos da toxicodependência. Em 1994, a banda continua o seu caminho musical e classifica-se em 2º Lugar no Festival de Música Moderna da Câmara Municipal de Loures, numa final presenciada por cerca de 1500 pessoas e muito disputada. No entanto, os vencedores são os Gritos Oleosos. Surgem mais alguns temas (casos de “Mundo em Caos”, “Sempre a ler” e “Agonia”, entre outras) e actua ao vivo em mais de duas dezenas de espectáculos. Começa a fazer as primeiras partes de espectáculos de bandas de maior renome, casos de W.C. Noise, Shrine, Sarcastic Angel, Etherial Grief, Silent Scream e X-Acto entre outros... A banda grava a sua primeira “demo-tape” que chama de “Alcoolicamente bem dispostos!”, numa tentativa de atrair as editoras discográficas. Nos anos seguintes a banda actua em mais algumas dezenas de espectáculos, mas abranda o seu ritmo criativo, devido ao cumprimento de Serviço Militar Obrigatório, por quase todos os membros da banda. Em 1996, lança um CD intitulado “Agonia...” e parte para uma nova era de criação musical, muito ao estilo de influências norte-americanas, casos de Biohazard, Sick of it All e Dog Eat Dog, entre outros. Actuam mais umas vezes ao vivo e retiram-se para estúdio. Surge a possibilidade de um acordo discográfico, com uma editora Lisboeta. No entanto, começam a surgir divergências e o baterista Biléu sai da banda. A saída deste elemento fundador abalou as estruturas da banda e, apesar da entrada de um novo baterista (João) a banda começa a desmembrar-se. No final de 1998 decidem “suspender a banda por tempo indeterminado”...