No Brasil dos anos 2000, quando o assunto é hip-hop, os leigos e desavisados em geral adoram exaltar a suposta responsabilidade social que essa cultura de rua tem, de tirar meninos e meninas sem oportunidade do "caminho do crime". Mas poucos se lembram de que as batidas, rimas, o grafitti e a dança b-boy (popularmente conhecida como "break") são, na verdade, expressões artÃsticas e não A Última Esperança Da Sociedade Brasileira.
Eis que, entre toneladas de aspirantes a LÃderes Da Nova Escola do rap feito no paÃs, surge alguém focado até o talo na música (razão maior de tudo), buscando evolução, mostrando trabalho e talento. Falo aqui do produtor e mc Rump, cujo album de estréia, "Progressivo",já circula entre os ouvidos mais atentos, com reações merecidamente positivas.
Mas isso é apenas a ponta do iceberg... Rump começou a ouvir rap com o clássico "Sobrevivendo No Inferno", dos Racionais. Na seqüência, teve a oportunidade de conviver de perto com o lendário Sabotage, que foi um grande incentivador, exercendo papel decisivo em seus primeiros passos. Essa fase inicial chegou às ruas sob a forma de uma mixtape (formato adotado mundialmente como tubo de ensaio pra uma obra oficial), "Beats, Samples & Transições".
Fora isso, cita como influências Parteum, Espião e Mamelo Sound System, mais filmes, livros, quadrinhos, a cidade de SP e até mesmo videogames dos anos 90 - além de Ãcones estrangeiros como A Tribe Called Quest, Nas, J Dilla, Mos Def e Madlib.
Mas, como todo produtor que se preze, sua musicalidade vai além do hip hop, bebendo nas fontes da MPB (Elis Regina, Djavan, Gilberto Gil) e do jazz (Bill Evans, Thelonious Monk, Herbie Hancock). Por essas e outras, além de mc e produtor (o sampler SP404 é sua ferramenta predileta), vale ressaltar que Rump antes de tudo é músico.
Aos quatro anos, surpreendeu a famÃlia ao tocar a melodia de "Hey Jude", dos Beatles, no piano. Não à toa, é nas teclas – analógicas ou digitais – que ele se sente mais à vontade hoje em dia. Tanto que as produções orgânicas (com instrumentos gravados ao vivo ao invés de samples) cada vez ganham mais terreno em seu trabalho. Para separar as funções, optou por assinar tais faixas sob a alcunha de T. Frúgoli, seguindo a norma do RG.
Focado em manter vivo e expandir o "sentimento coletivo do hip-hop" que o cativou inicialmente, posso afirmar sem medo trata-se de um artista genuÃno, que chegou pra injetar sangue novo no cenário. MESMO.
(por Rodrigo Brandão)
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