Aparelho

Aparelho está no lugar frequencial entre o ruído e a sintonia. Ele é dúbio, tal qual suas significâncias. O Aparelho não quer dizer, mas sim soar. É como se o som encarregasse de suprir e esgotar a fissura dos sentidos. Mas não somente daqueles peculiares, usados de comum. A cada poro uma possibilidade de manifestação, de compreensão, de digestão. Sim, fazemos parte da Revolução Caraíba. Neruscas e leguelhés. Mas nos colocaram em contato com uma interseção de fios de cobre, de alta tensão. Assimilamos o chiado da eletricidade ... nos soltamos do laço e encontramos caldo e bagaço para forjar idéias.Ainda vestidos. Com apitos. Viris.Cedemos a boca para “delirar o verbo”, o verso.Não encontrarás parte componente deste todo. Este todo é uno, compacto e coeso. Amarrado e cerzido no dente. Se tenderes a procurar algum vestígio de semelhança, logo digo que essa coisa que retumba não se identifica por silhueta, nem por nascimento, nem por prenome ou sobrenome. Tampouco se desfaz em um rosto ou em singulares digitais. Desperte os sentidos como que num brinde e os liberte para exercer a função de perceber de aleatório, de vesgo, de torto. Voe “fora da asa”. Só assim perceberás que o que se tem não é um rosto, uma cara, mas um semblante sonoro.Fornecemos um léxico irregular, com sentidos imprecisos, com verbetes inauditos. Aspergimos disformâncias melódicas, frásicas, lingüísticas. Neologismo. Aparatos para desgramática.Sacie, degluta, enxergue. Sirva-se deste Menu com apetitosos alentos sensoriais. Acorde suas pupilas, seus membros e seus poros. Regozije. Permita. Meta. Receba. Goze. Coma do bolo sonoro. Rumine. Perceba. Ou não. Enfim, OUÇA!No mundo, ano 454 da deglutição do Bispo Sardinha