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Era uma vez — e é assim que começam todas as boas histórias. Autista, segundo disco de Azevedo Silva, é um exercÃcio de tristeza, isolamento e quase solidão. É a ironia da percepção de quem vive num mundo próprio rodeado de gente, porque afinal somos todos um pouco assim: autistas. Neste universo – paralelo, pois claro! — a realidade é um acto demasiado consciente. O mundo é ensaiado numa guitarra acústica e outra amplificada, onde as faixas versam sobre personagens de amor e ódio.
É fácil assegurar que Autista se segue a Tartaruga, o primeiro, não pela vulgar maturidade, antes pela — e é diferente — perda de ingenuidade. Se Tartaruga andou à deriva por este mundo fora, Autista faz-nos parecer que conhece o caminho: é mais intenso, mais pesado e mais envolvente. Adulto, diria. Este cancioneiro não será, por isso, amor à primeira vista, nem amor que se sabe para a vida, — ou a morte —, inteira. É possÃvel consolidar a premissa após repetidas audições, de olhos fechados, sem interlúdio.
Canta-se com a alma de outros tempos, a de sempre. A pena faz parte do seu timbre, do tom de quem é um contador de histórias, de barba feita, mas sem rugas, sentado numa esquina qualquer. Os transeuntes jamais terão a percepção exacta daquilo que é ou daquilo que canta — um pobre diabo? A atitude é claramente dicotómica, entre a auto-exclusão por opção em “sabe a pouco o que a vida nos reservouâ€; e a exclusão forçada que resulta num lamento desolado e descrente: “alguém que pare o mundo que eu quero sairâ€. Talvez em Autista, tenha criado um mundo só seu, onde é mais difÃcil entrar. Há que saltar o muro.
Azevedo Silva regressa. Azevedo Silva veio para ficar, percebe-se. Há que ter em conta as edições anuais que nos tem oferecido. As influências continuam em Zeca Afonso, sem preconceitos, com humildade e, sobretudo, atitude. Autista é despido e despojado. Os arranjos são, a par da beleza, subliminares. A simplicidade nada fica a dever à intensidade das canções que se fazem ouvir. Aqui a guitarra continua a ser o melhor instrumento para dar forma às vozes que dentro de si, sem rasto, querem sair. E saem mesmo.
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Once upon a time… - that’s how every good story begins. Autista, Azevedo Silva’s second album, is an exercise in sadness, isolation and loneliness. It’s the irony of perception of someone who lives isolated but surrounded by people – we are all like that, autistic. In this (parallel) universe Reality is something to be perceived in its own tunnel. The world is sketched by two guitars, an acoustic and an electric one. In that world the songs are about beings of love and hate.
It is clear that Autista follows the first album Tartaruga (turtle), not only because it is more mature but mainly because it lost the naïve feeling. If Tartaruga drifted through the world, Autista knows the way: it is heavier, more intense, more overwhelming. This album will not be a case of love-at-first-sight, nor is it certain that you will understand that this is love for all your life (and death). One can vouch for this, after several listening sessions preferably with our eyes closed.
In the voice that is singing, there is a soul of the old ages, of all ages. Bystanders will not be sure of what he is or sings about – some poor devil? Maybe Autista is in his own world where access does not follow easily from listening. There is a wall and we must jump over it.
Azevedo Silva is here to stay, it is evermore clear and this second album is proof. His influences are still pointing to Carlos Paredes’ guitar and Zeca Afonso’s personality - without prejudices, being humble and having a strong attitude. Autista is, despite its instrumental richness, naked and bare. However, simplicity does not compromise intensity. In this world guitars are still the best instrument to express the voices they have within, the voices that want to get out – and they really do.
Sónia Abranteso.azevedo.silva (at) gmail.com
info (at) lastima.net