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Chullage ( r.e.g. )

Bazas d'Lum

About Me

Bio:

Blessings irmãs e irmãos.
Sou filho de pais cabo-verdianos (Santo Antão) que imigraram para Portugal no inicio da década de 70, ainda antes da dita revolução e da, também dita, independência de Cabo Verde.
Como a grande maioria dos imigrantes da altura, os meus eram oriundos de zonas rurais e tinham poucas habilitações. Isso, associado à necessidade das antigas potencias  colonizadoras, actuais potencias capitalistas/imperialistas,  de explorarem mão de obra barata, fez deles mais um operário da construção e uma operária da limpeza.
Visto que os sistema nunca lhes deu (nem a eles e a todos os outros oprimidos/explorados) condições para mais, criaram-me nas barracas erguidas nas ruínas do antigo Asilo 28 de Maio, no Monte da Caparica.  Com todas as coisas negativas pela qual passei, o que mais guardo do Asilo são coisas positivas tal como a solidariedade e a riqueza cultural daquele lugar. 
Foi ali que o meu pai me fez ganhar o gosto pela musica, especialmente cabo-verdiana, mas também reggae, rock, etc.  
Foi também ali que, através dum amigo/irmão mais velho (Berna),  tive o primeiro contacto com o rap (e com muitas outras coisas que um irmão nas ruas conhece). Ele emprestava-me sempre os sons que os seus primos da Holanda lhe enviavam e ensinou-me muitas coisas sobre a musica negra da altura. Um dia ele deu-me o disco do Rebel Mc da Zulu Nation e a partir dai nunca mais quis ouvir mais nada. O irmão estava a falar da vida dos negros e outros povos nos guettos dos EUA, da pobreza, do racismo, dos abusos da policia, da fome em África e de, como a ideia de “Peace, Love, Unity and having Fun” podia ser uma resposta para os jovens com a cabeça completamente fodida por um sistema que lhes abandonou. Nunca tinha ouvido falar dessas coisas duma forma tão aberta e com um ritmo daqueles.  
Comecei a ouvir as coisas que chegavam da América, mais tarde de França, ou dos bairros por onde ia passando. Na escola preparatória do Monte da Caparica e na secundária do Pragal conheci vários  MC's e B-Boys, entre eles um futuro companheiro o Clay, o Chora  e aquele que se tornou a minha grande referência: Freedy que tinha um som a rodar de boca em boca que se chamava “realidade quando toca dói”. Pela mesma altura comecei a ouvir Public Enemy e fui muito influenciado. Comecei a escrever pequenas quadras mas nunca mostrei a ninguém. Um dia ouvi o General D e o Milton dos Lideres da Nova Mensagem numa rádio e flashei a ouvir rap em português. Ao mesmo tempo pensei “man eu consigo escrever como estes mc´s” e isso incentivou-me a tentar mesmo a sério. Nessa altura formei os Black Brothers com mais dois irmãos do Asilo. Limitávamo-nos a dar improvisos, no entanto esse período foi fundamental para a forma e o conteúdo daquilo que escrevo até hoje. 
  Mais tarde, numa escola de Almada conheci o Sanrise que rapava com os irmãos do Miratejo e tinha a particularidade de trazer sempre cadernos cheios de rimas e de esboços de graffitis. Ainda nessa escola conheci os rappers que viriam mais tarde a formar os Nexo.  
Em 1993, devido à doença da minha mãe, mudamo-nos para a Arrentela, no Seixal, onde formei o meu primeiro grupo digno desse nome -187 Squad - e a crew a que ainda pertenço, a Red Eyes G. 
Em pouco tempo o 187 Squad - que nasceu com 11 membros, passou para 4 e acabou com 2 - ganhou uma grande reputação nas ruas da Margem Sul e integrou o colectivo Máfia Sulleana (constituído pelos Nexo, Crazy Jungle, JJ’s e outras referencias da Historia do Hip Hop). Juntávamo-nos no Central parque de Almada. As JJ´s forma os primeiros rappers de fora da Arrentela  a dar-nos muito apoio e incentivo para seguir. Quase que nos apadrinharam. Era o tempo das battles no Jonhy Guitar, do Trópico, dos freestyles na praça de Camões, do Deep Club e do extra de Carcavelos. Era também o tempo do “beef Margem Sul Margem Norte”, seguido da união entre todos no “Movimento Underground” pós Rapublica que seria a semente do actual “Hip Hop Tuga”. Entretanto a Máfia Sulleana, com apoio da Akademia Luso-galactica, gravou uma maquete  que se celebrizou no circuito underground e deu muita visibilidade aos 187 Squad.
Infelizmente o percurso atribulado do nosso grupo fez com que, em 97, nos separássemos não resistindo à vida pessoal e incompatibilidades entre membros. Ainda assim a Red Eyez G estava a ficar mais sólida com a entrada dos Kombination, entre outros.    
A partir dai segui um percurso solo e afirmei-me como uma promessa do rap feito em Portugal. As minhas rimas cruas foram-me abrindo caminho até que o D-Mars (Micro) deu-me a oportunidade de gravar o “Ciclo Infernal” e “Resistência” na sua colectânea “Subterrânea”. Foi também o dj dos micro, Assassin, que me deu o primeiro furo numa mix-tape. E foi ainda no álbum deles que cuspi a primeira rima num disco “Caos Total”. Esses  dois trabalhos foram a rampa de lançamento para a minha cena a solo. Numa dessas gravações na casa do D-Mars conheci o Sas, que viria a ser o meu dj e principal produtor numa relação que durou 7 anos. Dai participei em várias mixtapes e concertos.  
Numa noite na Arrentela, Gilbert (primo do Sas), encontrou-me a dar freestlyle e disse que queria lançar o meu álbum. Ele disse-me que iria trabalhar fora para juntar dinheiro e se eu esperasse quando ele voltasse punha o meu álbum fora. Confesso que na altura não acreditei e levei aquilo como mais uma falsa promessa tipo  muitas outras que tinham aparecido. Eu estava a rimar sobre a vida dos jovens africanos nas ruas da Margem Sul e isso não aliciava nenhuma editora.  
Estava enganado. Seis meses depois ele voltou para Portugal, e do nada telefonou-me e disse para irmos para estúdio. Não estava a acreditar. Peguei nas minhas rimas e recolhi beats de todos os produtores que curtia na altura.  
Em Julho de 2001 saiu, com selo Lisafonia e distribuição Edel, o álbum “Rapresálias (Sangue Lágrimas Suor)”. Chamaram-lhe um terramoto. Chamam-lhe um clássico. Neste disco juntei o descontentamento das ruas com: um forte discurso social e politico, uma invulgar capacidade poética e beats hardcore. Isso revolucionou o rap português, mas também a forma como foi editado e distribuído, tornando-se a primeira edição independente a ultrapassar as 3500 unidades vendidas. Os irmãos nas ruas voltaram a acreditar que era possível rimar sobre as ruas, editar e chegar a mais publico . A estreia do teledisco " Rhymeshit Que Abala " nos canais televisivos Sol Música e SIC Radical permitiu igualmente esta maior divulgação . Influenciando o movimento Hip-Hop  , este álbum marcou para sempre a historia do rap de Portugal e chegou a ser nomeado para os prémios blitz nas categorias de “Álbum do Ano” e “Artista Revelação do Ano”.  
Passada uma longa época de concertos (com o Sas, Kosmikilla, Naugthy e Balawild), e participações, gravei o meu segundo álbum "Rapensar (Passado Presente e Futuro)", lançado a 1 de Abril de 2004 ,com edição e distribuição da Lisafonia. Para alegria de uns e tristeza de outros esse álbum apresentou problemas na mistura que comprometeram em muito o seu trajecto. Mas, disso, esgotou em menos de quatro meses as 2000 cópias da 1º edição , e foi lançada uma reedição (que serviu também para corrigir a mistura) com 3 músicas novas e os 2 videoclips “National Ghettographik” e “Ignorância XL” , que surpreenderam os telespectadores da Sol Música , SIC Radical e MTV. Rapensar foi eleito o álbum do ano pelos leitores da revista Hip Hop Nation e “National Ghettographik” o segundo melhor vídeo.  
Depois de 3 anos de concertos, estou a preparar o meu terceiro álbum na Lisafonia, alem do projecto de Unspoken World (projecto de spoken word/slam com Pi) e SoulKrioul (projecto de rap krioulo com Quasi O.G. dos Lutadoriz). Estes últimos são também que assegura, comigo e o Nuno Pessoa, quase toda a produção álbum. Até agora conto também com produções do Editox (REG) e Joker (Hungria). Estou também a trabalhar com Lutadoriz, Editox, Naughty, Balawild, Lusery e Wolfwar no ressurgimento da REG; nas mixtapes do KDG, LBC, no rap da Buraca; no álbum de KGB Squad de São Vicente, etc.  
Alem disso tenho um papel activo na(s) comunidade(s) africana(s) e hoje em dia também nas portuguesas, desenvolvendo vários projectos de combate à discriminação e de capacitação de jovens através da consciencialização e da musica.
Obrigado. Justiça e Paz.

Créditos:


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Música que resite
(C) 2007 Chullage e Pietro Casella
Chullage: Letra e Voz ;
P! : Produção e Composição
Unspoken Worlds, Parte 1, 2 e 3
(C) 2007 Chullage e Pietro Casella
Chullage: Letra e Voz ;
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soon: Parte 3 ... vão passando por cá...

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Member Since: 10/3/2007
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