Popó e o Amor Moderno

Popó não tem vergonha. Suas canções falam descaradamente de amor. Se joga sem medo de resvalar no brega nem afundar na pieguice. E quando você começa a achar que as palavras costuradas com delicadeza revelam a pureza de um coraçãozinho sofrido, aparece logo uma frase sacana pra abrir o jogo: sinceridade nada, é safadeza mesmo. A música desse compositor carioca/niteroiense fala em romance com uma nostalgia bem contemporânea. Quando diz "o amor moderno me mata", desabafa que é de outro tempo. Por outro lado, tem coisa mais atual que elogiar alguém com o verso "Gostosa de um jeito que nem Photoshop não faz"? Ou se declarar rimando “Já fiz tanta poesia, já tentei tudo o que pude/ Eu quero passar o meu tempo com ela, mas essa menina me quer fast food”? Não é difícil se identificar com as letras e se envolver pelo som, que dá bandeira de outra paixão do rapaz - o violão. As levadas são a base de uma música que vem da madeira, acústica, boa de tocar em qualquer roda e ouvir em qualquer praia. Samba, reggae, baião, tudo misturado ao cheiro de maresia e clima de fim de tarde em Ipanema ou Itacoatiara.