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Only those who respect and understand!!!" Que se poderá dizer da tranquilidade quando apenas a lembramos como uma memória já ida de séculos atrás? O fogo que nos aquecia nos meses de frio apartando-nos dos poemas de solidão, o manto de luz que resplandecia no alto simbolizando a fartura de tempos maduros, o sorriso angelical da bem – amada… Teria eu vivido tudo isso ou seriam sonhos que a solidão tece?
Aqui, neste vasto plano de cores acinzentadas, quedava-me pela brisa quente e tépida do sufoco que é sentir-se aprisionado e conhecia apenas o toque de um miserável desprezo sem sentido.
Com cada respirar, tombava uma ténue esperança, diminuÃa um pálido brilho, surgia o silêncio… Apenas os meus batimentos cardÃacos ganhavam vida num compasso incerto, um misto de seriedade e embriaguez como se fosse, cada vez mais, hipnotizado pelo medo.
Não conseguia ver muito bem o que se escondia por detrás da densa folhagem que cobria a parte de cima da escada. No entanto, não sem alguma dificuldade, consegui abrir uma brecha de modo a avançar e descobrir se, de facto, a escada dava para algum edifÃcio antigo. Os meus passos eram demorados e cautelosos pois o desconhecido de tal forma tem de ser penetrado. Incapaz de pintar uma imagem do que iria encontrar, os meus olhos procuravam ir mais além, embora a luz da lua tornasse impossÃvel tal empreitada devido à s nuvens que, por vezes, a cobria.
Embora cauteloso, não demorei muito em colocar um pé em falso e cair, uma vez mais, para a incerteza. A prudência muita vezes surge como falsa, levando-nos a crer ser apenas uma marioneta de um plano maior, um mero sacrifÃcio da existência. No entanto, não levei muito tempo a encontrar o solo, e se me levantei incólume foi porque tive a sorte de este estar coberto por um manto de ervas e flores. No entanto, a luz da lua mostrou-me que o formato de tais plantas era incrivelmente aterrador.
As ervas mostravam-se altas e vistosas enriquecidas por um vermelho sangue que as seduzia para a vileza das mais torpes acções. As flores pareciam já murchas embora se mantivessem na vertical e assumissem uma cor tão escura que lembravam um abismo.
Nem nos meus piores pesadelos poderia imaginar encontrar-me em tal lugar… Um plano existencial em que tudo rugia à noite, em que o desprezo pelo dia tornava as palpitações cardÃacas falÃveis, ténues soluços que clamavam esperança… Meu Deus! Era tudo incrivelmente odioso!!!
De coração na mão, cobria os farrapos, que transfiguravam-se como plantas, com os pés, tentando isolar-me, procurando aliviar o desespero com uma pálida confiança de poder sair deste buraco imundo onde a Morte corteja até o ar…"excerto de "De espectros e dor..." por Jorge Ribeiro de Castro"...
Esculturas de animais e de corpos humanos de ambos os sexos uniam-se como se quisessem apagar a solidão e, mesmo assim, dando a entender que qualquer ser vivo da mesma espécie que aqui vivesse isolado de certeza que seria velado pelo mesmo sentimento trágico que é a falta de companhia.
- Desculpe… mas se vive aqui sozinha como é que isto tudo foi criado? – perguntei, realmente intrigado.
- Não o consigo responder… Apenas sei que já dormi aqui muitas vezes, sempre o dia como companhia, e nunca vi vivalma. Enfim…
- É muito estranho… Será tudo isto obra de magia?
Rindo, os seus longos cabelos ondulando com o movimento, olhou-me por uns longos instantes…
- Não sei… Apenas sei que estou muito feliz por ter aparecido. A minha vida é sinónimo de paz mas falta-me a companhia de olhos que brilhem, de abraços fortes, de harmonia entre corpos…
Se a vergonha tivesse mais cores do que o vermelho, de certeza que a minha face conheceria a todas pois, nesse momento, fui levado a olhar o chão sem acreditar que uma mulher tão bela quisesse sentir a minha pele. Não é que não tivesse já conhecido o corpo feminino mas a minha aparência nesse momento não era exactamente algo que coadunasse com a beleza e doçura da mulher que observava.
- Não sei o que dizer… - respondi.
- Nada precisa de dizer, meu belo senhor. Apenas esperai que daqui a instantes trarei algo que possais vestir enquanto as vossas roupas secam.
Vendo-a caminhar fez-me surgir um rubor efervescente pelo corpo pois as suas curvas acentuavam-se com cada passo, toldando a beleza que a rodeava com a sua própria. Talvez o momento de esquecer o passado e presenciar o desejo que é irromper pelo prazer estivesse mais perto do que pensava.
Ao se aproximar de uma porta, voltou-se para mim e sorriu. Os seus olhos mostrando quão bela poderia ser a alma, os lábios como sedutores de horizontes divinos.
- Voltarei… - proferiu.
Sorrindo, os meus olhos agraciaram o encanto de se ser talhado para viver, ao perdermos a razão no mundo de ofertas e carÃcias que a emoção consegue criar. Se calhar, este seria o mundo da perfeição, a metade que faltava na minha, a inquietação posta de lado e a honestidade de se ter o mais belo dos verbos com que sonhar.
Os meus passos eram outros… Sim, sentia-os leves como se tivesse bebido nepentes e não houvesse prisão a que amaldiçoar. O abismo já não parecia ser o meu leito, os seres abjectos, próprios dos confins de um abismo qualquer, poderiam ser enterrados nas mais profundas das memórias e, se dormisse, seria abraçado a um corpo que traduzia toda a serenidade que pudesse ser alcançada.
Pensar que…
ImpossÃvel!!! Ao pestanejar, foi-se o dia…
- Não!!! Não desejo a noite!!! Tragam-me o dia!!! – gritei aterrorizado.
Preso ao desespero, sem nada ver, sem nada sentir e sem razão que mostrasse o porquê de tal veneno deturpando a minha insanidade, abarquei o recinto com os meus passos mas estes não me quiseram levar para a luz.
Subitamente, uma gargalhada aterrorizante abrangeu o espaço ao meu redor. Não sei por quanto tempo demorou a escarnecer da minha ruÃna mas os meus ossos se perderam no frio…
Aos poucos e poucos, a ponta afiada desse som agonizante foi-se afastando, deixando, na mesma, a claustrofobia, a impúdica sensação de estar prisioneiro no reino do esquecimento que adormece o espÃrito e o instila a ser apenas um rude esboço do conforto de outrora.
Sem conseguir andar, o corpo preso ao chão de negro pintado, senti uma mão fria pousar na minha face. Ao mesmo tempo, um terrÃvel calafrio irrompeu pelo meu ser como se soubesse ser apenas um fantoche que a ilusão pretende dar vida.
Após poucos segundos, o ser sem forma me empurrou para trás. Caindo como se a solenidade da ocasião abrandasse as leis da fÃsica, o vazio mordiscava a fragilidade que tinha corroÃdo as minhas expectativas se é que tal direito poderia ter.
Não atingi o chão duro que antes tinha percorrido… Mergulhei nas águas de um outro desconhecido, a injustiça sem descanso que desabrochava as caricaturas dos meus piores medos. Que outro destino encontrar nesta sepultura lÃquida senão a maldição de outros espectros que me envolvessem como a um sinistro recipiente já fendido por tantas outras atribulações?
Enquanto afundava rumo a um leito indefinido, sendo a miserável água um lamentável sudário, quis recordar tudo o que havia já feito. Infelizmente, as ideias iam-se distanciando à medida que o oxigénio diminuÃa.
Tinha perdido a vontade de lutar e a perturbação inclemente de outrora tinha desaparecido, usando eu apenas a vestimenta de todas as auroras que iria perder. A mais trágica das sagas sendo aquela que dança sobre a nossa sepultura, inalando os miasmas de tudo o que nos compunha…
Tardava em alcançar o lugar onde repousaria, apenas os olhos fechados e os braços e pernas abertos como se planasse em direcção ao vale da melancolia, o estreito recanto da ampla desilusão.
Seria o sofrimento, um eterno cair, uma frágil gota de esperança que semeava satisfação pela sua incerteza embora houvesse a impossibilidade de acender a alma e coroar o coração com as forças e cores de uma outra existência? Infelizmente, não conseguiria vos responder…"excerto de "ResquÃcios de estranhas sinfonias" por Jorge Ribeiro de Castro
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You are my perfect dream, my beloved queen, my treasured esteem, my rosed insanity... the forever and the evermore of a scented love that makes me more than whole!!!
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