Os Bulllet são um projecto de hip hop instrumental onde as bandas sonoras produzidas para filmes de espionagem nos anos 70, o easy listening, toques de dub, jazz, soul e funk representam papeis mais ou menos importantes numa narrativa muito própria. Comandado por Armando Teixeira, o projecto Bulllet estreou-se em 2002 com o álbum "The Lost Tapes", editado pela Loop:Recordings, onde uma história muito especial -- que conjuga agentes do KGB, a CIA, bases da Nato, submarinos nucleares e lugares exóticos como a Riviera, o Cairo ou Zagreb -- serve de fio condutor para a música.
Bulllet conta com um convidado especial, o DJ Nel'Assassin, membro a tempo inteiro dos Micro e um dos mais reputados gira-disquistas nacionais. Ao vivo, estes dois músicos evocam sonoridades perdidas onde o hip hop serve de ponto de ligação entre diversas coordenadas, mas onde os acontecimentos são sempre abertos a interferências sonoras" vindas de todos os cantos da música produzida durante a década de 70... Os ecos do dub ou as cores quentes do jazz e do easy listening são presenças constantes. Além de NelAssassin, outro membro chave é Kalaf. Poeta e mestre da palavra falada, Kalaf conferiu ao vivo outra dimensão aos Bulllet ilustrando com as suas imagens faladas uma música já de si poderosamente evocativa.
Durante 2003 o projecto Bulllet foi ainda responsável pela edição do EP The Lost Vocal Tapes, um conjunto de recriações vocalizadas de temas do álbum de estreia com a presença de Kalaf. Ou seja, um testemunho mais fiel da dimensão live dos Bulllet. Este EP vinha enriquecido com dois clips de Edgar Pêra.
Agora, Armando Teixeira prepara-se para editar Torch Songs For Secret Agents, terceiro tomo de uma aventura que não tem fim à vista. No novo álbum, Bulllet investe um pouco mais em canções de recorte clássico, recorrendo a algumas das marcas do soul e da Spoken Word para continuar a recriar os ambientes late seventies que lhe assentam como uma luva. Como Lili, vocalista dos Ballerina, Kalaf e até Legendary Tiger Man, Bulllet oferece-nos uma viagem ainda mais refinada pela música da transição da década de 70 para a de 80, como se de um exercÃcio de library music se tratasse, com aproximações a diversas linguagens swingantes. Tal como os trabalhos anteriores, Torch Songs For Secret Agents possui um refinado sentido orquestral, sendo capaz de encontrar nas diversas latitudes aurais que explora uma linhagem comum.