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Marcelo Wilson Fragoso Borges, aliás, Telo Borges, ainda estava na primeira infância quando o Clube da Esquina foi fundado quase em frente à sua casa. O "Clube" não surgira ali por mero acaso. De fato, seus irmãos mais velhos, Márcio e Lô Borges, haviam tomado posse daqueles exÃguos metros quadrados sem premeditação, um território neutro onde podiam receber os amigos e fazer um som. Os "amigos," Milton Nascimento, Toninho Horta e Beto Guedes, entre outros, eram ainda desconhecidos da mÃdia; o "Clube" não tinha o status glamuroso de hoje em dia, e a vizinhança nem sempre via com bons olhos aquele bando de cabeludos transitando pela paisagem de Santa Tereza.Assim, foi com uma certa naturalidade que Telo entrou pela primeira vez em um estúdio, para participar da gravação do Milagre dos Peixes de Milton Nascimento, aos quinze anos de idade. Para ele, Milton não era Milton, e sim o Bituca, mais que um amigo, um irmão por afinidade.A princÃpio, as notas que Telo explorava no velho piano da famÃlia não chamaram a atenção de ninguém. A casa respirava música, e os "mais velhos" começavam a ser notados pelo público e pela imprensa. No entanto, o ouvido atento de Lô Borges logo percebeu que o irmão adolescente já voava com suas próprias asas, e atrevia-se a ensaiar suas próprias composições quando o instrumento estava desocupado. Eventuais resistências à idade reduzida do pianista foram gradualmente vencidas, e Telo começa a ser escalado no time de cima com uma frequência cada vez maior.Em 1978, a maturidade criativa de Telo é estabelecida de forma definitiva com a canção Vento de Maio. Composta em parceria com Márcio Borges, a faixa é incluÃda por Lô Borges em seu disco Via Láctea. Desde então, Vento de Maio mereceu inúmeras gravações por vários intérpretes, com destaque para Elis Regina em seu antológico álbum, O Trem Azul. Nessa mesma época, o volume e a qualidade da produção musical de Telo Borges e seus irmãos leva a EMI-Odeon a lançar o disco Os Borges, com a prestigiosa participação de Milton Nascimento, Elis Regina, Gonzaguinha e Guilherme Arantes.No inÃcio dos anos 80, Telo passa a integrar a banda de Beto Guedes, uma experiência que acabou durando mais de dez anos. No comando dos teclados, seu talento exercita-se em centenas de apresentações, tanto no Brasil quanto no exterior. A estatura de Telo como uma das molas-mestras dessa banda é reconhecida em 1987, quando sua composição Alma de Borracha torna-se a faixa-tÃtulo de um disco de Beto.Telo amplia o universo de suas atividades na década de 90, e é continuamente requisitado - tanto no palco quanto no estúdio - a colaborar com artistas consagrados tais como Lô Borges, os irmãos Flávio e Cláudio Venturini, Toninho Horta e Saulo Laranjeira. Ao mesmo tempo, o volume crescente das suas próprias composições exige que Telo reserve um espaço cada vez maior para apresentações solo, datando desse perÃodo a gravação de seus CDs Vento de Maio e O Poder Mágico.A exemplo de outros gênios da música brasileira, o talento de Telo não pôde esperar por um amplo reconhecimento da mÃdia nacional, e acabou explodindo "lá fora" antes. Em 2003 nos Estados Unidos sua canção Tristesse, em parceria com Milton Nascimento, foi premiada com o Grammy Awards, também conhecido como o Oscar da Música. Na esteira dessa conquista, Telo e Milton embarcaram em uma longa turnê que os levou aos quatro cantos do planeta, com shows em Portugal, Espanha, França, Mônaco, Itália, Alemanha, Eslovênia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Japão e Angola. No Brasil, sua canção Voa Bicho, em parceria com Márcio Borges e interpretada por Maria Rita, filha de Elis, integrou a trilha sonora da novela global Chocolate Com Pimenta.Nas palavras de Fernando Brant, outro Ãcone do "Clube" original, "Telo Borges nasceu no meio da música e tornou-se grande músico e compositor. É um talento comprovado, autor fora de série."Toninho Horta acrescenta que "Telo é um tecladista de mão cheia: muitas notas que formam blocos de muita emoção e rara sensibilidade. Sou seu grande fã."Hoje, no limiar do século XXI, Telo Borges inscreve-se entre os grandes nomes da nossa música. Autor de mais de 120 canções, a criação musical é para ele uma necessidade fisiológica tal como dormir e respirar. Aqueles que o conhecem desde sempre não vêem nenhuma diferença entre o menino de anos atrás e o homem maduro dos dias de hoje: a mesma simplicidade, o mesmo amor pela vida, pela música e pelo futebol (não necessariamente nessa ordem).