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Comecemos com esta metáfora: ter o som nas mãos. Ou com esta: desenhar o som. E, partindo daqui, imaginemos a forma particular do trabalho técnico e plástico do sonoplasta. Desde logo na capacidade de adequar o instrumento de captação a conjuntos de vibrações sonoras específicas. Colher das ondas o essencial do seu espectro de frequências. Depois, amplificar e equalizar esse input de acordo com o output permitido pelos instrumentos de reprodução. A mediação técnica fica assim balizada entre dois limites: o que pode entrar e o que pode sair. Depois, a mistura dos sons, que obriga a considerar a equalização relativa dos vários canais, a redistribuir graves e agudos, a definir a altura relativa de cada instrumento, a decidir dos efeitos a sobrepor às frequências que circulam sob a forma de impulsos eléctricos dentro da mesa. Depois, considerar todas as variantes em função da acústica da sala. Perceber a volumetria do som, isto é, o modo como recorta o espaço. Perceber como se redistribui, nas várias direccções, a partir do lugar da fonte sonora. Perceber ainda como é delimitado pelo silêncio, negativo da massa sonora. Tem-se nas mãos e, no entanto, não se consegue agarrar. Nisso é como a passagem do tempo. Apenas a repetição que cria o ritmo dos dias permite escutar o desenho. MP http://blogtagv.blogspot.com/2007/03/moldar-o-som.html

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gentes; terras; coisas "amanhecer (sempre mais uma vez)" - Susana Félix

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