“Nós sempre vivemos em cortiços e com buracos nas paredes. Saberemos como arranjar-nos durante algum tempo. Pois não devem esquecer que também sabemos construir. Fomos nós que construÃmos os palácios e as cidades na Espanha, na América e em toda a parte. Nós, os operários, saberemos construir outros para tomar o lugar dos que forem destruÃdos. E ainda melhores. Não temos medo de ruÃnas. Nós herdaremos a terra. Quanto a isso não há a menor dúvida. Os burgueses podem fazer explodir e destruir o seu mundo antes de abandonarem o palco da história. Nós trazemos um novo mundo em nossos corações. E esse mundo está crescendo agora mesmo, a cada minuto que passa.â€Entre a Revolução e a Guerra Civil Espanhola, Buenaventura Durruti proferiu esta afirmação, que se constitui como um marco deixado pelo anarquista espanhol. Uma das milÃcias anarquistas dessa altura tinha o seu nome, uma outra que lutava lado a lado com a Coluna de Durruti designava-se de Coluna de Ferro.Os Coluna de Ferro surgem em meados de Maio de 2008 a partir de uma ideia inicial de Hugo em formar um projecto anarko/punk/crust e surge como uma aventura de pessoas que praticamente não se conheciam mas que decidiram embarcar no desafio de criar um projecto de cariz interventivo e pesado. Contavam na sua formação com Hugo na bateria, António no baixo, Sid na boz, Ruy na guitarra e Karla na voz.Residentes na zona de Lisboa, os elementos que compunham os Coluna de Ferro vinham de vários quadrantes e formas musicais, já com alguma experiência noutros projectos, mas partilhavam aqui o seu gosto pelo anarko/punk/crust e por uma mensagem de intervenção forte e de alerta sobre o que está mal, deve ser mudado e (sempre) combatido. As letras, em português, abordavam, entre outros assuntos, a corrupção dominante, as diferenças sociais, as polÃticas podres e falhadas, a tortura animal, a hipocrisia latente ou a discriminação racial.Os Coluna de Ferro dão o seu primeiro concerto no dia 12 de Julho de 2008, na casa okupada Kylakäncra em Setúbal, apenas com dois meses de ensaios e composições. Seguiram-se vários concertos pelo paÃs, desde Tavira ao Porto e, em cerca de seis meses, a banda já tinha actuado 12 vezes. As actuações de Aveiro e na Casa Viva (Porto) foram especiais pela emotividade e carinho com que a banda foi recebida.Entretanto, a banda ia preparando, a pouco e pouco, aquela que poderia vir a ser a sua 1ª demo. Mas algumas divergências no seio da banda culminaram na saÃda de vários elementos, em Janeiro de 2009. Os restantes elementos que se mantiveram, ainda ponderaram o futuro do projecto mas acordaram em não dar seguimento à banda, pois não faria sentido continuar sem os outros elementos fundadores.Para além da “Intro†que abria sempre as actuações de Coluna de Ferro, foram compostas, entre Maio e Dezembro de 2008, as músicas “Inimigoâ€, “Holocausto Surrealâ€, “Por um paÃs mais pobre...â€, “25.04.2007â€, “Fossoâ€, “Cobardia Heróica†e o trio infernal “DDT + Hospitais + Ataque Surpresaâ€. A última música composta chamava-se “Vomitei a almaâ€, concluÃda mas nunca mostrada ao vivo.“Inimigoâ€, a primeira composição, foi, curiosamente, a mais acarinhada e entoada pelo público em várias ocasiões, tornando-se rapidamente no “hino†da banda. Também as palavras de ordem “UNIÃO! ACÇÃO! CONTRA A OPRESSÃO!!†do tema “25.04.2007†ficam como uma das marcas de Coluna de Ferro. Como curiosidade, a música "Por um paÃs mais pobre..." foi inspirada na mÃtica "gaffe" do Sr. Engenheiro.
Uma banda que nasce na altura certa, no tempo certo mas que termina prematuramente, apenas oito meses após o seu inÃcio. Muito mais haveria para dizer, num contexto em que todas as palavras de alerta são poucas e urgem como nunca, num paÃs e num mundo cada vez mais desigual, dominado pela falta de ideais, onde o dinheiro e a ganância subjuga tudo e todos e onde a pobreza aumenta a cada dia que passa.Para a posteridade ficam alguns concertos memoráveis e momentos inesquecÃveis, onde se conheceram pessoas, bandas e movimentos, de norte a sul do paÃs, que vão tentando mudar os pensamentos mais estáticos e conformistas, lutando contra todas as adversidades do sistema. Quanto a Coluna de Ferro, a mensagem, sem dúvida, o mais importante na banda, foi passada várias vezes e continuará a ser enquanto a memória não apagar o seu nome.Os ex-elementos de Coluna de Ferro proseguem com outros projectos, dentro de vários estilos musicais. O importante mesmo é não parar!Fotos, vÃdeos ou outro material que tenham guardado algures e que desejem partilhar, os Coluna de Ferro agradecem o seu envio para:
[email protected] Coluna de Ferro agradecem a todas as pessoas, bandas, clubes e associações que os apoiaram e ajudaram de alguma forma.A todos: MUITO OBRIGADO!!Pensamos que a humanidade não estabelece fronteiras, que enquanto nos deixarmos governar sem nada questionar e sem intervir na construção do nosso destino, ninguém zelará pelo nosso interesse, que é o BEM COMUM!UNIÃO! ACÇÃO! CONTRA A OPRESSÃO!!(A)Coluna de Ferro ao vivo na Casa de Lafões (18 de Outubro de 2008)Música: 25.04.2007