Music:
Member Since: 01/05/2008
Band Website: http://osmeteoros.blogspot.com
Band Members: Valéria (baixo e voz)
Marcelo (guitarra e voz)
Jeovah (guitarra e voz)
Nery (bateria e voz)
Influences: Muitas.
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Sounds Like:
DISCOGRAFIA: "Anti Tributo Excomungados" (2007)
Faixa 22: EXCOMUNGADOS
"Os Meteoros" (2008)
1. :
SOB O CÉU DE BAGDà :
2. SEI Là 3. BONECA IVONE 4. FORÇA DO MAL 5. QUANDO :
6. MUSA ANORÉXICA 7. SURTO 8. NOITES URBANAS 9. DOGMA 10. PRAZERES ARTIFICIAIS 11. HAIR IS ON FIRE12. MINISTÉRIO DA FALÊNCIA
"Punkrusp - UspÃcius" (2009)
Faixa 14: FORÇA DO MAL
A Plenos Pulmões – em São Paulo
Adaptação do poema "A Plenos Pulmões", de Maiakovski, tradução de Haroldo de Campos, com excertos de Bagavah Gita e frases de Valéria Sanguee (julho/2007)Escutai, camaradas futuros!
Quando revolvendo a merda fóssil de agora, procurando nestes dias escuros,
Saberás que a mim, agora, cabe falar de mim e de minha era.
Escutai, camaradas futuros!
Chego aqui como guitarriarcaico
Através dos séculos, em arco.
Ao lado dos poetas e contra os governantes,
O meu verso chegará no futuro
Será a olho nu, palpável, bruto
Como a nossos dias chega o aqueduto
Levantado por escravos romanos
Anos de servidão e de miséria
Comandam a nossa bandeira verde-amarela
Nós lemos nossos mestres, volume a volume
E com eles procuramos aprender o rumo!
De onde combater, em que lado, em que frente
Meus versos, não me deram dólares,
Nem mobÃlias de madeiras caras.
Pra mim me basta uma camiseta limpa e clara,
Para continuar falando, a plenos pulmões, contra a súcia de velhacos e falsários
Quem nutre desejos de recompensa
É turbado, inquieto e descontente
E assim, morre meu verso, como um soldado anônimo
Na lufada de um susto
Clamando por um mundo mais justo
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ENTREVISTA
Banda paulistana "Os Meteoros" lança 1° CD com 12 faixas inéditas:
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Concepção: rock direto não se limitando ao básico, mas sem muitos floreios. Com um pé no punk (baixo pesado, batera nervosa e guitarras ardentes) e o outro em sonoridades mais experimentais como passagens para a retomada às faixas pesadas.:
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1. Antes de tudo queria saber como é que o grupo foi formado.:
Os Meteoros –: A banda foi formada no final de 2006, entre outros motivos, para gravar a faixa “Excomungadosâ€, incluÃda na compilação “Anti Tributo Excomungados†(Corsário Discos). O Jeovah (guitarra e voz) tinha essa faixa e foi convidado a participar do disco. Ele então chamou o Marcelo (guitarra e voz) e a Valéria (baixo e voz) como banda de apoio e, utilizando bateria eletrônica, registramos a música como “Jeovah & Os Meteoros†(pelo tom bÃblico bem adequado). E era para ter parado por aÃ. Depois, já em 2007, retomamos os ensaios, mudamos o nome para “Os Meteorosâ€, fizemos alguns shows como trio e decidimos gravar o CD com nossas canções inéditas. Foi quando apareceu o Nery (bateria e voz), também roqueiro das antigas, com instrumento, estúdio e super a fim de um trabalho autoral. Fizemos então mais uns dois shows e agora o disco.
2. Pelo que entendi vocês se conhecem já faz algum tempo. O que fez com que quisessem montar uma banda agora?:
Os Meteoros –: Éramos muito jovens e muito duros. A gente se conheceu na USP no começo dos difÃceis anos 90. Tanto o Jeovah, como a Valéria e o Marcelo participaram de vários projetos artÃsticos no perÃodo, com bandas alternativas como “Excomungadosâ€, “Dragão Comendo Genteâ€, “Blá Bleargs†e outros combos de performance, poesia, artes plásticas, HQ... Depois, o Jeovah foi para BrasÃlia e ficamos sem contato. Até que, em 2005, ele procurou o Marcelo para que fizesse a capa de um mini-CD (“Primitivoâ€) que pretendia lançar . O Marcelo e a Valéria, por outro lado, vinham de um projeto de punk rock recém-extinto ( “Planeta Defuntoâ€) e buscavam uma nova banda. As pontas então se juntaram. O Jeovah, de volta a São Paulo, deixou de lado o projeto solo e começamos a ensaiar em casa mesmo. Depois de tanto tempo, nossa afinidade pessoal e intelectual continuava intacta e, agora, finalmente tÃnhamos condições reais para manter uma banda de rock. Já o Nery tocou em bandas mais profissionais como “Blindog†e também vinha da USP. Mais maduros, professores universitários e profissionais atuantes, a força da música finalmente se impôs.
3. Gostaria que vocês começassem falando sobre o disco. Este é o debut da banda. Como foi a experiência de criar esse trabalho?:
Os Meteoros –: Sabemos como é a realidade cultural no Brasil e como os espaços são loteados nas várias áreas. Por isso, fora o processo de aprendizagem em estúdio (realmente gratificante), a experiência contempla um sonho antigo dos integrantes, que é o registro fonográfico do nosso material “clássicoâ€, pura e simplesmente. Produzir um álbum com qualidade técnica e autenticidade artÃstica era nosso principal objetivo, desde o inÃcio. Entregamo-nos muito nessa tentativa, em um processo que exigiu disciplina tanto na gravação como na mixagem, que é uma verdadeira lapidação e consome muito tempo. Como metáfora, dirÃamos que foram horas e horas de sexo com os instrumentos e dias e dias de discussão da relação. E que, justamente por trazer o desafio de harmonizar e transformar em "música" sons e idéias que, muito provavelmente, ficariam soterradas em algum túmulo do inconsciente, à espera da cremação, valeu muito a pena.
4.Quanto tempo vocês se dedicaram nos processos de composição das canções que compõe o disco e toda a gravação?:
Os Meteoros –: Em relação às composições, algumas músicas já são bem antigas, enquanto outras foram feitas para o CD no decorrer do processo. De todo modo, do final de 2006, quando montamos a banda, até o lançamento do disco, agora em junho, pode-se dizer que – sempre uma vez por semana, em média – compusemos em 2 meses, ensaiamos durante uns 6 meses, gravamos em uns 4 meses e mixamos em outros 4 meses. O resto do tempo foi com produção gráfica e outros detalhes.
5. O resultado foi o esperado ou o que vocês ouvem hoje é algo diferente do que visualizavam para seu primeiro lançamento? :
Os Meteoros –: Há dois aspectos: o técnico e o estético. No aspecto técnico, consideramos o CD como uma superação e uma vitória da força vontade do “artista†independente brasileiro, pois desenvolvemos desde conceito, músicas, letras, arranjos, passando pela sonorização, gravação e mixagem, até produção, arte gráfica, fotografia, edição, assessoria etc. Tudo de forma absolutamente autônoma, com os quatro integrantes da banda atuando nas horas disponÃveis (afinal, somos trabalhadores!) e no melhor estilo “do it yourselfâ€. Sem concessões, na unha mesmo. Portanto, o resultado foi muito acima do esperado. Já no aspecto estético, inicialmente juntamos nossas idéias, ideais, técnicas e performances e – sendo o 1° trabalho – de fato não havia qualquer “previsão†ou “expectativa†quanto ao resultado. Apostamos na singularidade. No estúdio, entretanto, passamos a vislumbrar um disco de rock direto, sanguÃneo, além do básico e, ao mesmo tempo – em vista dos recursos e elementos à disposição – lúdico e colorido, como um jogo coeso de referências, com alguma amplitude musical e temática. Mas, o mais importante: foi uma tentativa de expressão de nossa experiência musical/existencial, do que já vivemos, nos tantos quilômetros e caminhos já rodados, e do que estamos vivendo agora. Desse modo, é um pouco de cada um de nós que está no CD e são os nossos possÃveis ouvintes que devem avaliar este aspecto. Sendo assim, estamos satisfeitos.
6. Queria que vocês falassem um pouco sobre as músicas do disco.
Os Meteoros –: Comentários pela ordem de execução no CD: :
“Sob o Céu de Bagdáâ€: : foi composta na primeira invasão do Iraque pelos EUA, em 2003. VÃamos pela TV as bombas iluminando as magnÃficas torres do lugar onde o mundo começou (a Mesopotâmia) e ficávamos chocados - pela morte de civis, pela destruição de um inestimável patrimônio histórico - e ao mesmo tempo com a terrÃvel sensação de que presenciávamos um divisor de águas. Bagdá era o lugar do “inÃcio e do fim do mundo†ao mesmo tempo, como diz a letra.
“Sei Láâ€: : música existencialista que simboliza a juventude em uma cidade como São Paulo, a “lost generation†dos anos 90: falta de perspectiva, emprego, oportunidades, ao lado de incontáveis baladas. Não mudou muito, né?
“Boneca Ivoneâ€: : música do inÃcio dos anos 90, com silicone e transformismo só agora na ordem do dia. Para muitos, essa música é quase folclórica e já merecia registro fonográfico.
“Força do Malâ€: : originalmente adaptada de um poema de um amigo, fala da força incontrolável da loucura, dos esforços para contê-la e da consciência que o louco tem deste mal.
“Quandoâ€: : feita na época da 1ª posse do Lula (2003), traz a esperança de ver o brasileiro somar sua incrÃvel disposição para a festa, o riso e a solidariedade com a força da luta popular por seus direitos e pela preservação do nosso patrimônio natural. Será que rola?
“Musa Anoréxicaâ€: : rock seco, o mais próximo que chegamos de uma música de “amor†e das distorções sexuais e dissonâncias morais que intoxicam a vida diária.
“Surtoâ€: : tenta se colocar no lugar dos que sofrem com surtos psicóticos: a perda de controle e a incompreensão, inclusive pelos próximos. Apoiamos o movimento antimanicomial.
“Noites Urbanasâ€:: existencialista, de fins dos anos 90, traduz a noite na metrópole. O néon, a fumaça, a violência, os caminhos errantes e a ressaca resumem a solidão do homem na multidão.
“Dogmaâ€: : mix de rock e MPB com referências a Frank Zappa. Tem um refrão enigmático e pinça o cotidiano da cidade.
“Prazeres Artificiaisâ€: : rockão tradicional, o instinto do básico em um mundo pós-humano.
“Hair Is On Fireâ€: : experimental, a única em inglês, com clima etéreo e dançante. A última composição a entrar, é uma letra feita por um amigo após ele ouvir nossas músicas. Um resumo dos temas do disco.
“Ministério da Falênciaâ€: : proto-hardcore, com letra irônica, falando da interferência insana do poder nos corpos, nas mentes e na música. E um “monte†do governo, qualquer um.
7. Como é que funciona o processo de composição de vocês: ?
Os Meteoros –: Não há padrão estabelecido. As idéias podem surgir – normalmente de forma espontânea, pois nunca paramos para “compor†– com uma batida ou um riff de guitarra, violão ou baixo, e daà seguirem até a finalização da música e da letra. Ou então, surge um tema ou verso qualquer e, posteriormente, o trabalhamos com os instrumentos (ainda temos vários na gaveta). Depois de montada, a composição é levada para o grupo, que faz o arranjo e sugere mudanças, repetições, cortes etc. Também gravamos as principais idéias, à la Keith Richards, em um mini-gravador.
8. Quem é o responsável pelas letras?:
Os Meteoros –: Todos escrevem. Por ser um primeiro trabalho, em parte fruto da junção de projetos anteriores distintos, a tarefa é bem dividida. Das 12 músicas do CD, há quatro letras do Jeovah, três da Valéria, duas do Marcelo, uma em dupla (Valéria e Marcelo) e duas de colaboradores do grupo. Só não há letra do Nery porque o repertório já estava pronto quando ele entrou.
9. As músicas falam de assuntos diversos e vocês mencionam não terem como objetivo ser uma banda “revolucionáriaâ€. O que serve de inspiração na hora de compor?:
Os Meteoros –: A necessidade de expressão, antes de tudo. E também o “espÃrito do tempo†(guerras, tabus, tecnologia, hypes, crises, revoltas etc.) e a “janela da alma†(loucura, depressão, sexo, drogas, alegria, resistência, esperança etc.). Quem sabe os sons e ruÃdos da cidade e as personagens anônimas cujos gritos e sussurros compõem a sinfonia urbana inacabada à procura de autores. Em outras palavras, nossa inspiração vem da observação atenta do absurdo da existência humana. Mas, não nos esqueçamos, também do dinheiro, da fama, da vontade de influenciar o mundo e da consciência de que nada disso é possÃvel.
10. Os Meteoros é um grupo bastante novo, tendo apenas dois anos de estrada. Quais as influências musicais de cada integrante? :
Os Meteoros –: É tanta coisa. Todo mundo ouve tudo. Então, não tem propriamente influência direta (isso fica para os crÃticos), mas uma lista com as diferentes vertentes musicais de cada um. Valéria: um caldo de cultura rocker com punkabilly (Cramps), punk (Dead Kennedys), garage (Headcoatees) e música brasileira (Mautner, Walter Franco); Marcelo: a raiz e o tronco do rock de rua e derivados, rock clássico, garage e hardcore; Jeovah: essencialmente rock clássico e jazz rock, com o molho da MPB mais alternativa e do punk; Nery: ser obrigado a cantar o Hino Nacional todas as manhãs durante a escola primária o fez odiar música. Mais tarde, aos 14 anos, descobriu Frank Zappa e tudo foi se re-inventando.
11. Quando a banda foi formada vocês usavam batidas eletrônicas e após algum tempo o Nery entrou no grupo. O que aconteceu para essa haver essa mudança?:
Os Meteoros –: Bem, na verdade, nós tocávamos com bateria eletrônica por falta de opção. Sabe como é difÃcil arrumar baterista... Por questão de espaço, condução, verba, afinidade etc. O fato é que o Jeovah tinha uma Yamaha DD-55 e a trouxe para o primeiro ensaio, só para vermos no que ia dar. Assim, arranjamos as músicas em cima das batidas e loops digitais. Tornou-se conceito. A partir disso, fizemos alguns shows, mas ela infelizmente tinha um problema de contato e desligava sozinha de vez em quando! Em vista disso, a entrada de um baterista tornou-se prioridade para nós. Tentamos convidar primeiro um programador, mas não rolou. Depois, convidamos um colega baterista, e nada. Até que o Nery, que já conhecÃamos, foi a um dos shows e, para nossa sorte, se ofereceu para assumir as baquetas. Isso não significa que a bateria eletrônica esteja fora, pois a consertamos, o Nery utilizou no CD e também levará para alguns shows. Pela “precisão†(ao menos após o conserto), nós a chamamos – respeitosamente – de “John Bonhamâ€.
12. Como a entrada de um novo integrante influenciou no som de vocês? Principalmente se tratando de um baterista um dos principais responsáveis pela base das canções... :
Os Meteoros –: A entrada do Nery redefiniu completamente o som da banda. Ele traz maior dinâmica à s canções ao fazer variações contÃnuas onde antes só havia repetição. Se você comparar os shows que fizemos anteriormente, utilizando bateria eletrônica, com o CD, mesmo considerando que são as mesmas músicas e que os arranjos são muitos semelhantes, fica visÃvel a transformação (eu diria “punchâ€) no ritmo, no andamento e, principalmente, no peso de várias músicas. Isso sem falar no vocal.
13. Espaço para falar sobre algo que não foi mencionado...:
Os Meteoros –: Para encomendar o CD “Os Meteoros†, envie um e-mail para o endereço
[email protected] . No mais, esperamos que os verdadeiros amantes do rock curtam nosso som. Afinal, como diz o poeta, “rock and roll is here to stayâ€...
*Entrevista publicada na "Revista Comando Rock" (SP), n° 49, Julho de 2008.
Record Label: Elementos-K-Óticos
Type of Label: Indie