Grey

I - Os passeios sobre as linhas de ferro da ponte, pela vista do horizonte diminuíam-me as certezas, as correntes que me prendiam á explicação, já desapareciam por entre o lodo deste rio. Não percebi quem é que tinha a razão, dentro da minha cabeça tudo me parecia igual, demasiado igual que tive a certeza que tinha de estar errado.Pelo cair da noite o fundo de guerra que suprimia qualquer quadro de pôr-do-sol roubava a minha atenção. Esqueci-me de pensar, de te mudar de lugar, a noite já havia caído e já farias parte de memórias distorcidas. O meu regresso cansado a casa era sempre um misto de adrenalina e medo, medo dos meus pensamentos que quebravam qualquer lei deste mundo, e a adrenalina de os viver!Em cada momento que os meus olhos se deixavam cair, deixava-me cair também nos pensamentos confusos, nas imagens por perceber, no riso tão proibido que alimentava e devorava o desejo de os ter! Que vontade a minha de tentar descobrir que sentimentos me corriam nas veias para perder a noção de razão... Estas emoções, deixaram-me a pensar no veneno que corria agora em mim, agora que choquei dentro de memórias e me distorci.Há alturas em que não me pergunto se alguma vez pensei ter justificações para arriscar e saltar de destino, mas o destino prendeu-me e eu agradeci. Por gozo, de não acabar logo ali.