About Me
"Cortante, o vento da noite varre /
Os álamos que se dobram, já desnudos, /
E as fitas negras das chaminés /
Já retas não sobem; batidos, esvoaçam /Cartazes rasgados. E frios parecem /
O rumor dos bondes, o tinir dos cascos. /
E os homens que correm para a estação /
Voltam, tremendo, o olhar para o leste,/Pensando: "Eis o inverno que chega! /
Queira Deus que este ano o emprego eu não perca!"/
E tristes, enquanto o frio lhes corta /
Com a sua lança de gelo as entranhas, /Pensam nas contas, no imposto e no aluguel, /
Em pagar a empregada, o seguro e o carvão, /
Os sapatos, a escola e a prestação /
Dos móveis comprados na loja elegante./Pois se, despreocupados, todo o verão /
Nos braços de Ashtaroth chafurdamos, /
Contritos agora, com o frio do vento, /
O joelho dobramos ao velho Senhor. /O Senhor dos Senhores, o deus do dinheiro, /
Que nos manda no sangue, nas mãos e cabeça, /
Que nos dá o teto e do vento protege, /
E dando-o também nos pode tomá-lo, /Que cioso vigia com um olhar atento /
Pensamento e sonhos e segredos nossos, /
Que nossas palavras e roupas escolhe, /
E fixa o padrão para os nossos dias, /Que esfria nossa ira, sufoca a esperança, /
Que nos compra a vida, pagando-a com nugas, /
E exige o tributo de a fé esquecermos, /
De o insulto aceitar, de a alegria calar, /Com o ferro acorrenta do vate o epÃrito, /
O vigor da marinha, o orgulho do bravo, /
E entre o amante e a noiva, perverso, coloca /
O fino escudo da indiferença."