Dudu Lacerda

Iniciei minha jornada musical ainda nos idos de criança, tocando flauta doce em conjunto de igreja e ouvindo os milhares de vinis que meu avô colecionava e até hoje guarda com afinco. Esse meu avô é um louco por música, tendo sido inclusive, quando moço, crooner da rádio Tupi! (na época de ouro do rádio brasileiro). Vocês imaginem a riqueza de tal acêrvo... Cresci ouvindo de cabo a rabo aquele repertório de modinhas, serestas, sambas, um tal de Orlando Silva pra cá, Silvio Caldas pra lá, e todas aquelas coisas que eram voga no Brasil dos anos 30, 40 e 50. Da minha mãe, aproveitava também a afeição pela música pop dos anos 80, de Michael Jackson à U2, passando pelo rock brazuca de Paralamas e Titãs, atravessando à infinita música brasileira dos anos 60, 70 e 80 e desembocando inclusive em música clássica. Isso à título de explicar pra mim mesmo o porquê de guardar gosto musical tão eclético. Cresci então me aventurando no violão lá de casa, sempre ligado em MTV (sou dessa geração!), programas musicais em geral, trilhas sonoras hollywoodianas e rádio. Uma guinada ocorre lá pelos meus 17 anos, ao me ver súbita e fatalmente envolvido pela magia das tradições musicais populares do Brasil, universo em que a partir dali mergulhei numa imersão sem volta. Entraram na minha rota os côcos, bumba-bois, cirandas, frêvos, maracatus, sambas de roda, músicas devocionais e que tais, que nosso caldeirão sonoro nunca deixa aposentarem. Entrou o carnaval e o Rio de sambas, partidos, pagodes, batucadas, bambas e mulatas que hoje em dia não me enxergo vivendo sem. Veio o fascínio pela percussão, os instrumentos maravilhosos de timbres mil que não me canso de namorar, e a vontade de expressar isso tudo de meu jeito: a veia de compositor. Então naturalmente comecei ali a me meter na Lapa, em Santa Teresa, na Praça Mauá. Dali nunca mais parei de tocar, compor, cantar, nos mais diversos ambientes e com as mais diversas companhias. Passei uns dois anos pesquisando cultura popular a fundo, sozinho ou com o grupo Genipapo, em Museus, acervos, bate-papos, festas populares e etc. Veio a vivência de alguns anos com o grupo Rio Maracatu, primeiro fazendo oficina, em 2001, depois batucando no bloco, até a formação de uma banda, em que toquei percussão e cantei em muitos lugares, fazendo também muitos amigos. As viagens para Pernambuco, os shows e cortejos nunca sairão da memória. O primeiro disco da banda sairia no ano seguinte (2006), produzido por Pedro Luís, trazendo três composições minhas em parcerias com André Bala-bala (intérprete das canções) e Fernando Jacutinga, cujas gravações estão aqui disponibilizadas. Ah, veio também o trabalho com arte-educação, coordenando projetos em escolas, sempre com a músi.contactTable ca popular brasileira e pesquisa de nossa cultura popular como carro-chefe e veio o trabalho, que ainda mantenho, de musicalização infantil. Em 2005 tive a oportunidade maravilhosa de estrear em disco, como compositor, músico e co-produtor do disco "Chegadin", do cantor e compositor, multi-artista maranhense radicado em Curitiba Itaercio Rocha. Esse cara tem minha admiração eterna, gravou pela primeira vez uma música minha, essa ciranda que está aí ao alcance de vocês! Além disso adquiri nesta ocasião o gosto pelo estúdio, pela gravação, e pelo estalo da satisfação de compor. Atualmente, milito no carnaval do Rio, tocando em alguns blocos, principalmente no bloco Céu na Terra e em blocos parceiros. Com o núcleo de Cultura Popular Céu na Terra, realizo trabalhos anuais em épocas festivas e musicais como a semana santa, o natal, o São João e etc. Estou sempre futucando por aí! Mas o que realmente me move hoje em dia é a arte do compor, da invenção, da expressão; seja no violão, no assovio, numa idéia, num verso, estou sempre por aí colocando pra fora tudo que recolhi nesta pequenina trajetória, que espero ser eterna, e que desejava dividir com vocês, por isso o interesse no Myspace, pela certeza de que morre o artista e fica a obra. Deixo um abração para quem teve saco de ler até aqui, a casa é de vocês, ou melhor, é nossa, voltem sempre, Saravá, AXÉ!!
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