About Me
Pedro Lima - Umbabarauma (jorge ben jor)
Adicionar ao Meu Perfil | Mais VÃdeos--- A minha história com a música começa no útero. Minha mãe é uma super cantora amadora (no exato sentido da palavra). Apesar de ter sido convidada para cantar na rádio Mayrink Veiga, não rolou a possibilidade de profissionalização, coisas de famÃlia.
Ela cantava tanto e com tanta voz que a vizinhança pedia: “ - canta aquela dona Nadege!†Ela me conta que certa vez enquanto cantava percebeu um silêncio grande e quando viu tava todo mundo em volta na fábrica de tecidos onde ela trabalhava, chorando. A música, um fado, tinha a ver com a estória sentimental de uma das operárias que recém chegada de Portugal tinha deixado, por lá, um amor.
Nasci em 1961 e cresci ouvindo além de mamãe, as coisas que ela e meu pai ouviam: Elizete Cardoso, Jamelão, Nelson Gonçalves, Angela Maria, Roberto Carlos... E outras mais: Luiz Melodia, Gil, Milton, Alceu Valença, Geraldo Azevedo (foi o primeiro disco que comprei, eu havia pedido a meu pai que, por não tê-lo encontrado, chegou em casa com duas coletâneas de chorinho - ele confundiu com Waldir Azevedo), Caetano, João Bosco, João Nogueira, Elis, Egberto, Hermeto, AÃrton Moreira, Flora Purim, VÃtor Assis Brasil mais as coisas que ouvia nas rádios. Tinha uma turma que se reunia prá ouvir a Rádio Roquete Pinto todos os dias ao meio dia embaixo da mangueira do bloco 5, no conjunto onde eu morava Praça Seca (Jacarepaguá).
Os amigos - Tatu, Ligeirinho, Fininho - tocavam violão, bandolim, cavaco, percussão e eu completava com o gogó. A gente abria vozes e o escambal, estávamos quase sempre juntos levando um sonzinho nas esquinas do condomÃnio, na casa de alguém ou nos botequins. Veio, então, a vontade de ampliar horizontes e numa conversa com um amigo na casa do qual uma galera lá de vista alegre se reunia prá tomar umas cervejas, estudar teoria musical e ouvir Bela Bartok Villa lobos e uns quartetos de cordas do Beethoven, fiquei sabendo do coral do Benetti - o cara era Tiago Lira. Fui lá prá ver, fiz um teste (uns vocalizes) prá ver o registro e o regente me botou prá cantar, foi o meu primeiro contato com a técnica vocal. O Maestro era o Sidney Carvalho que também fazia a preparação vocal do coro e me dava aulas particulares de canto. Um dia pintou um solo prá fazer, era uma coisa africana, tremi abessa mas gostei muito. Do Benetti fui convidado para o ‘cara coro’ regido pelo Fernando Ariane . A gente cantava nas calçadas ou em shopping onde havia loja da grife que nos dava uma muda de roupa e uma graninha. Cantávamos também em outros espaços: teatros, centros culturais, bares, escolas de música... Uma dessas cantorias foi na cenário na época uma escola de música em Botafogo. Nesse dia tinha lá um grupo vocal ensaiando Jura do Sinhô. Estavam lendo a introdução, aquela coisa de ensaio: canta, pára, afina, volta a cantar, volta a parar... era um som muito bom de se ouvir - era o Garganta Profunda. Cerca de um ano depois eu estava em casa assistindo o Garganta na TV, quando a vizinha entrou lá em casa - era a dona Zizinha uma dessas vizinhas que entram prá famÃlia - dizendo que tinha uma ligação para mim. Fui atender e era o Marcos Leite me convidando prá cantar no grupo, tipo coincidência de novela. O Garganta tinha chegado de uma excursão pelo paÃs cantando no projeto Pixinguinha e voltou desfalcado; um cantor arrumou uma namorada baiana e ficou por lá, alguns outros formaram os “Inimigos do Rei†e dentre eles estava o Paulinho Mosca. Fui lá prá conferir. Na verdade, tinha um outro cantor concorrendo a vaga comigo, ensaiávamos em dias distintos, no começo, depois rolou um confronto direto, os dois cara a cara voz a voz , havia a necessidade do grupo em optar rapidamente por um de nós em função da agenda. Faltou dizer que o Marcos me convidou por ter me ouvido cantar lá na Cenário com o “Cara Coro†e quando me achou saiu dizendo prá seus amigos, que tinha posto um negão no Garganta. Me abriu as portas para o refinamento comecei a cantar à vera, me tornei profissa: mais de dez anos cantando muito, ensaiando, gravando e subindo em muitos palcos por ai a fora com cantores e instrumentistas da melhor qualidade cantando os arranjos do monstro que é o Marcos, prá platéias chapadas com o som da gente, uma tremenda escola.
Obrigado Garganta Profunda.
E por falar em escola formal, comecei fazendo aulas particulares de canto, passei pelo Villa lobos, pela Estácio, fiz alguns cursos livres, aprendi sax e hoje faço Graduação em Canto na Uni RioO trabalho solo veio como conseqüência natural do meu desenvolvimento, da vontade de alargar limites: um outro jeito de cantar, de buscar timbres, outra performance de palco,... e vem sem “viagem tripâ€; é claro que rola uma vaidade, mas se não houvesse eu não seria artista. Encontrei o André Agra na Uni Rio e um dia fizemos, junto com a Renata Mansour, um trabalho de história da MPB e o nosso tema foi o Orlando Silva; a gente pesquisou a vida e a obra desse maravilhoso cantor. E fez parte da apresentação do trabalho a execução de “Preconceitoâ€. Eu fiz uma “imitação†do Orlando com Deco fazendo o violão. Os alunos gostaram muito e o Roberto Gnatalli aprovou.
Depois disso veio uma dessas apresentações de alunos nos jardins da Uni Rio. Mais uma vez eu e o André Agra nos juntamos e chamamos o Carlinhos (bateria), o Kiko ( teclado), o Zé Maria (sax), o baixo quem fez foi o Celso e o André, violão e guitarra e a concepção dos arranjos.Ficou um “gosto de quero mais†e a gente, dando seqüência, resolveu gravar o que viria ser um embrião do CD e no processo de elaboração do repertório entrou o Célio Albuquerque, um amigo que nos ajudou muito na garimpo das músicas e no pontapé detonador da nossa empreitada de gravar o CD.A gente saiu à cata de música, foi atrás dos compositores que vezes davam uma fita pronta, as vezes cantavam algumas, “ao vivoâ€, prá gente escolher, como foi o caso do Guinga que depois de mostrar um monte de coisas mudou de assunto, tocou, algumas vezes, uma que tinha feito prá sua mãe à quela madrugada e comentou : “gostaria que alguém pudesse cantar isto†. Me candidatei na hora e ele fez uma exigência , “a letra tem que ser do Aldirâ€. Repertório escolhido; a gente caiu dentro: formou o time, elaborou as levadas foi pro estúdio e o resultado foi o Carioca, meu primeiro cd.Na seqüência veio o â€Mestiçoâ€, um disco de inéditas, botando na roda os amigos compositores.
Tem Suely Mesquita, Luhli, Edu Kneip, Mauro Aguiar Germanna Guilerme, Zé Rocha, Rocino... e a empreitada, sempre com o grande e querido parceiro André Agra. Agora estou batendo uma bola vocal,(vale dizer que com a bola no pé sou um “perna de pauâ€), cantando o futebol em meu terceiro cd o“Futebol Musical Brasileiro Social Clubeâ€.Brincamos que é um CD pra se ouvir na lage tomando cerveja, tomando gim tônica na piscina ou curtindo os arranjos na sala de música. Cavucamos nossas memórias pesquisamos mais um pouco, juntamos um monte de coisa. Mas no disco, como no time só cabem 11. O time escalado está ai; vestiu a camisa e tá fazendo suas jogadas: driblando, cruzando na área, cabeceando, correndo atrás, matando no peito, dando chapéu, batendo de canhota e esticando o filo com gol de placa.
E dá pra torcer sem medo de virar casaca porque afinal, a música é primeiro time de todos.Em paralelo, tenho participado de musicais como Gota d.. Ãgua, South American Way, Goodspell, A Missa dos Quilombos e Geraldo Pereira Um Escurinho Brasileiro.No site do disco novo (www.saladesom.com.br/pedrolima) há mais informações sobre meu trabalho.