J M B E M C O M U N A (AOVIVO) SHOW COMPLETO
..Disco realizado em conjunto pela banda Comuna e pelo artista Jomard Muniz de Britto.
A concepção desse disco se deu, pelo menos a idéia rarefeita, quando eu e Glauco estávamos numa viagem de volta da praia de Porto de Galinhas para casa, Recife, e estava rolando no som do carro Manuel Bandeira recitando suas poesias intercaladas com o piano de Belkiss Carneiro de Mendonça, tocando Camargo Guarnieri. Então, pela amizade que já tÃnhamos com Jomard Muniz de Britto, vimos à possibilidade de gravar um disco com ele recitando também os seus “atentados poéticosâ€.A princÃpio, a idéia era gravar ao vivo com ele declamando os textos ao mesmo que nós estivéssemos tocando, com a banda completa improvisando. Mas, devido à dificuldade técnica de gravar tudo de uma só vez, resolvemos gravar cada instrumento separado para obter uma qualidade melhor. Então Jomard gravou os 10 “atentados poéticosâ€, no estúdio Constelasom de Ricardo Silva, e me entregou para iniciarmos o trabalho.A primeira tentativa de gravação foi verificar quais das minhas composições e de Glauco poderiam funcionar com os textos. E muitas delas realmente se encaixaram muito bem, como: Nunada (Ricardo Maia Jr.), faixa 3; Pássaros (Glauco Segundo), faixa 5; Canção de ninar (Glauco Segundo), faixa 7. A idéia das faixas 1, 8 e 10 foi de fazer trilha sonora de improviso usando as poesias e suas rÃtmicas orais e verbais como tema condutor das sonoridades. Já as faixas 6 e 9 foram compostas e arranjadas, por mim e Bruno, especialmente para os textos, respectivamente. Alguns dos textos recitados foram editados mudando a ordem das frases e palavras, outros alterando a rÃtmica da gravação ou deixando pequenos fragmentos do texto original ou mesmo respeitando a fluência e a ordem de como foi gravado por JMB.Os atentados poéticos de Jomard remetem à metalinguagem, polÃtica, pedagogia, filosofia, psicanálise, cinema, dentre outros aspectos latentes em seu dialogismo. Cada um dos textos traz referências à s experiências do dia-a-dia da composição poética, entre humores e ironias do artista. Jomard dialoga poética com a atividade de cronista do cotidiano, sem comprometimentos partidários; sem tentar salvar os mundos, mas também sem nunca esquecê-los. Há um processo de luta cultural, propostas de alternativas à cultural dominante e uma redefinição do papel da vanguarda nesses tempos de pós-tudo(s).O que se pode concluir é a importância desse disco para concretizar a relação entre Jomard Muniz de Britto e Comuna, num projeto em que ambos puderam livremente somar suas expressões num disco que pode ser classificado como poesia e música em (in)comum ressonância. Ou relutância?Texto de Ricardo Maia Jr.