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Juca Pimentel

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Anemómetro

 

 

Ali vai ele,
o coito!
Ali vai ela,
a sombra!
Om os meus olhos negros de panos
de censos e fúteis enganos
o último take da tua enodora exctimada, lodora,
tútril, enxangue, ólida, quesh'ra, parfidean, lockia,
loucura.
Os macacos escapam do toque como pequenas maravilhas todas feitas de pérola enrubescida pelo Sol que queima como um farol anunciando a extrema loucura
que evapora os sentidos para os tornar pontuais
a ponto de serem ponto no meio do círculo
flutuante onde as mortes se amam.

Juca Pimentel
     Os bons sentimentos não são boa musa...
     Vai dar-se início à Arte. Vou tocar
     Uma punheta!

Sorvo o teu odor como se fosse
um pincel pincel de formas bem augustas
e Agosto é o tempo de cobrir a ramagem
que verte orvalho e termos de esporas.
A tua esporra poderá ser bem vinda
se for a de ocasião e de termos
inequívocos e fortes como se fosses
a madrepérola do tempo em po po.
A fome que temos é grande
e assim aspiramos o odor do vazio.
Da noite...
A sonolência que te invade é toda feita de pérola
e assim aspiras o odor do vazio.
Da noite...

És a minha sombra volátil e suspensa.
Ternura antes de tempo, fútil, encomenda extraviada.
És a paixão do excremento,
súbtil, encomenda extraviada.
Longo eterno beijo na nuca entreaberta pelos
lábios semicerrados de sangue.
Vermelho o teu olhar e enfim sós.
Eu tu e o machado suspenso da gaiola em cima
do chinês.
Afinal o chinês é alemão.
Som de violinos são as vozes dos entes parentes
e crianças infantes de sagres preta fresca à noite
numa mesa de Bar verde. O Bar.
Tantas palavras e o que resta; a mortandade
do espasmo senil que gesticula perante mim,
em frente a mim,
acenando um cadáver isquesito
de contornos fáceis e previsíveis
mas perto da mãe Sol transexuada.
Quero-te e entanto não estás, pelo menos como
devias. És-me tão somente.
Como foste criar a sombra.
A eterna. A sombra majestosa do início da noite das
vinte e três horas e treze minutos no relógio cinco adiantado.
Analfos.
Clima ensurdecedor e pobre de ser
útil porque queima. (Os teus ventres salientes são ensurdecedores)
Afinal o chinês alemão é alemã.
Mais violinos a comporem bela música para os meus ouvidos.
Acaso paraíso terá esta definição?
Lógicas em mim e de mim afora dentro de mim e sons e
violinos e chineses alemãs por implicação matemática, mas
aqui a matemática está a mais, as coisas deveriam ser
lógicas apenas por implicação, e instruendos
de instrumentos nas mãos, história, agonias talvez
do século III e turbinas com os cornos no chão, e
turquídeas ferozes sem o sentido correcto, e vales
a subir um escorpião todo feito de pénis e todo
implodindo-me na cara.

Um apenas som espera do outro lado do salão,
as mãos unem-se pela ponta dos dedos antes enfiados em
cetins de crosta, com as velas incendiadas nos cabelos
das Níneves que dançam.
Rostos de corda, notas nos dentes, Mozart nos regaços,
olhos nas súplicas... e cada vez mais
plurais em grupo de dois.
Longamente o teu olhar persegue-me
doce maravilha esta fuga de pernas no ar em cima
do cadafalso
veloz esta súplica que tende a sentir o infinito muito maior
do que o imaginado
longo olhar vazio cheio de cheias no país da eterna secura
funerais aguentam o meu corpo
cortejo imagem fútil esta a do cortejo que segue atrás.
Antes foi o tempo das misericórdias, vestes incendiadas do
desejo, antes foi o tempo das carícias nos ventres inexistentes das orquestras, dos violinos.
Coisos. Luvas. Larvas. Ternas. Rouquidões.
Vejo as pessoas mas não as sinto. Quer dizer, sinto-as
de uma forma que julgo não ser perfeita, única,
ou pelo menos multicolor, sonora, completamente única.
Os toques fortuitos nos guarda-chuvas apenas me dizem
que chove na cabeça destas gentes de pénis murcho
em direcção ao trabalho.

 

Três ponto
Desprezado, obscuro e espoliado
Depois da morte, elevado ás honras immortais

O desprezo, a obscuridade e a espoliação do contemporâneo poderá ser a fonte da sua imortalidade. As honras poderão ser nada mais do que germes que minam a consciência, pois a elevam da categoria humana e assim a terminam. Homens elevados a Deuses são apenas falsos homens. As estátuas matam mais do que a fome.

 

Os novos olhos são-no eloquentemente,
com pontas de espasmos senis e febris e sonoros como um peixe.
Ânus transversais querem-se amenos e
aconchegados de medo.
Torna-se tudo reflexo e despojos verdes analfos
pela tempestade fora. O meu odor não é o teu.
E assim a realidade tomba de lado até tu desapareceres.
Porventura desconcertante?!
Dois melões e um pudim!
Que sensual esta mulher de dois melões e um pudim.
Passas, passas, olhas e não tens cheiro porque não te cheiro
porque passas, passas e apenas olhas.
De bom grado agarrava-te um peito e
o mostrava ás minhas gentes.
Um dos teus peitos apenas seria um, mais um,
mas um cheio de todo, todo cheio de toque,
todo tocado pelas minhas gentes de peito na mão,
com o teu peito na mão que seria uno e perfeito como o teu
outro peito.
E agarrava-te o teu peito menos um, um menos um
elevado ao infinito das minhas gentes austeras e
risonhas porque esperam algo de mim.
E eu dar-lhes-ia o teu peito zero.
Analfos.
Estonteante a tua sobriedade piedosa de Deusa.
Om os meus olhos são-no imperfeitamente,
e mamo-te como um desesperado.

Ontem aquela mulher era um anjo.
Ontem que foi ontem e será sempre ontem
na comodidade das ondas.
Tu deixas-me maluco.
Domingo de manhã.
Claro está que a meta morfose é
um paradigma que só a inteligência justifica e
demonstra. Um ocaso imenso de ficção.
E claro está que temos um censo fora da lógica,
e ilógica porque lemos e estamos imersos em céu azul dentro das cidades.
Antes do tempo.
Antes do tempo.
Blá-blá que te esfumas e partes como sempre fizés-te.
Terror no circuito.
Em frente a uma porta quase lá.
Em frente ao olho esquerdo em frente do buraco.
A tua fechadura é imensa.
Brasa e calor na face esquerda. A tua pele de água queima.
O teu mamilo é enorme, pujante, escuro pela luz da lâmpada,
eternamente esquerdo, dentes, dentes nele, dentes no
mamilo escuro pela luz da lâmpada, mandíbulas.

Saio, e afunilo o som dos meus passos, pequenos e a contratempo,
duros, sólidos, como gaitas de foles tão rápidamente cheios como vazios.
O dia não nasceu há muito, pelo que as ondas da multidão
tornam a rua um pequeno ribeiro sem peixes nem ostras
cheias de pérolas que um dia estarão nestas montras.
O meu reflexo esvaziado nos vidros destas montras assemelha-se a um pequeno riacho com peixes e ostras cheias de pérolas. Vou comprar cigarros naquele café da esquina com mulher estilizada nela. Vou também dizer
adeus a essa mulher que dorme ainda entre as rugas dos meus lençois.
-Mulher sólida, perpétua, que fazes café na manhã que é
ainda pequena coisa em breve majestosa mas pequena agora.
Tomo o café com pequenos goles. Sinto um cheio aqui dentro
do meu querer, um cheio grande e voluptuoso,
tão perto de se tornar tudo. O sono vai descendo à terra
como um pássaro gigante. Eleva-se dos meus pés um pequeno
pó quando me dirijo ao balcão e peço um maço de cigarros,
aquele ali, do lado direito, o primeiro da fila da direita, em
cima, não, o outro, sim, esse, obrigado.
Saio, e afunilo o som dos meus passos, pequenos e a contratempo,
duros , sólidos, como gaitas de foles tão rápidamente cheios como
vazios. Um breve olhar pelo meu pequeno mundo mostra-me
A minha pequena grandeza. Esta cidade poderia muito bem
um dia matar-me.

Comboio do mundo, súplica em uníssono sem acento,
rosa a florir no sapato, de solas desfeitas, paredes vertidas na horizontal,
medíocre cantilena de sangue.
Os medos fundem-se aqui,
como estamos livres do mundo e de nós, arriba,
frente para a frente que se quer vício e não rotina,
e amenas obras nos leitos, resíduos de mim.
Temos um olho demasiado fechado, os outros atiram pedras
e nós continuamos com um olho demasiado ranhoso.
Ala para a frente que se faz tarde.
Acima os cumes acima que estão longe, estas subidas e
pantominas nos vales, estes fusíveis da unidade quebrada.
Som, movimento, gargalhadas, uma porta que se fecha, não, não,
vozes completamente desconhecidas, suave embalo, a frente está
atrás de mim, nas minhas costas, e eu não a vejo, vejo
apenas o que já esteve à minha frente mas está agora atrás de mim,
mas de frente para mim, porque eu sigo de costas voltadas para
a frente a para algumas gargalhadas, ela está a pensar em... sei lá,
sente, amigo, achas que vou cair?
Cheiro a presunção.
As hormonas explodem, seios tesos, pissa que apetece morder,
cona sonora de vento.

Treze vozes que se juntam aqui.
Estão aqui. Sentadas pela estrada fora e amenas.
Antes volúvel que vulva aparente.

Política e ciência: o mito do desespero.

Analfo este som.
Vibrante este som.
Inteligência aberta na carótida.
Fosso no ardil do cão com cio,
funesta majestade de sombras feita e impelida.

 

O mundo está de antemão fodido.
E eu à cabeça!

 

 

Linda mulher de cornos dilacerados, vestes de sombra os passos
atrás marcados, atrás de ti.
Tens os olhos incendiados por uma qualquer perífrase do espírito,
sanguessuga da mente, e volátil és na dispersão, meu cruel suicídio.
Nas tuas mãos os cantos pareciam diurnos, para se anteverem no
escuro mais tarde, olhos, em brasa.
Ai a mente de quem é um e não dois e meio.
Linda visionária do tempo.
As armas ao alto dão-se nas datas de festa, na data de dias enormes
que se seguem a esta noite, se os houver.

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

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