The Fart Simpson Band

Corria o ano do Senhor de 1994, o calor era abrasador em Azeitão e as tardes eram passadas a devorar cassetes de Pixies e Sonic Youth. De repente... surge a ideia! E que tal fazer umas músicas nossas? Temos instrumentos, sabemos alguns acordes... tá feito! E foi assim que Joca (músico de elevado calibre, então com 14 anos) e Miguel (conceituado vendedor de instrumentos e cd's) meteram mãos à obra. Com a ajuda de um Fostex de 4 pistas começaram a registar ideias, com a original particularidade de gravar a secção rítmica em último lugar, o que resultava num total desconstrutivismo musical que viria a ser a principal característica dos The Fart Simpson Band. Ainda com poucas semanas de vida a banda acolhe um novo membro, Paulo, que acumula as funções de baixista, teclista, corista e responsável pela logística. E foi assim, em formato power-trio, que o grupo se lançou em frenética composição de originais, abrandando apenas o tempo suficiente para fazer versões dos Stooges e lanchar. Banda de reconhecida generosidade, os Fart Simpson Band estenderam a mão aos também azeitonenses Xana Total, projecto hardcore punk dedicado a uma amiga. Ambas as bandas ensaiavam no mesmo espaço e com os mesmos instrumentos, para desagrado da GNR local, que delicadamente alertava para o facto de "o barulho já se ouvir na vila". Em pouco mais de um mês já estava pronta uma demo intitulada "Away to Mexico", um conjunto de 14 faixas que abordava temas tão díspares como religião e zoofilia. As cópias da demo foram passando de mão em mão, granjeando comentários inspiradores como "Irra, são mesmo maus!", ou "Desliga lá essa merda!". Perante tal aceitação e com as férias de Verão a terminar, a pica foi-se esmorecendo... Miguel vendeu de novo os instrumentos, Joca tornou-se músico profissional e professor de bateria e Paulo licenciou-se e tornou-se piloto aviador. Passados tantos anos, é com agrado que se vão encontrando cassetes poeirentas, pejadas de ebefrénico ruído a que um dia ousámos chamar "canções". Mas no fundo é disso que se trata. São más, mas são nossas - as nossas canções! Um bem haja à inocência perdida. A Xana cheira mal dos pés!...