O Cascabulho surgiu em 1995, em plena afirmação da cena musical pernambucana, espelhando seu trabalho a partir da obra de Jackson do Pandeiro - o mestre paraibano do coco - que influenciou a renovação da música brasileira dos anos 90. Em 1998 o grupo lançou seu primeiro Cd FOME DA DOR DE CABEÇA. Nesta identificação, o grupo criou sua própria identidade, uma fusão de elementos rurais, trazidos de seus antepassados à s caracterÃsticas intrÃnsecas adquiridas na vida urbana, firmando a essência e o conceito de sua música, que vai da cultura pop, unida ao jazz, à regionalidade do som dos pÃfanos, com a força dos tambores dos maracatus, em uma junção harmoniosa da diversidade musical brasileira. Desse encontro de influências e de culturas, se pode referenciar uma "música Cascabulho". Uma música marcante, forte, como a definição de seu próprio nome. Em 2004 o Cascabulho lançou o Cd É CACO DE VIDRO PURO que contou com as participaçoes de TOM ZÈ, NANA VASCONCELOS e MARCOS SUZANO e foi indicado ao GRAMMY LATINO na categoria melhor album de raizes regionais. Em 2008 o grupo lança o Cd BRINCANDO DE COISA SÉRIA apresentando 14 composições inéditas e contando com as participações de CARLOS MALTA, jR TOLSTOI E ZECA BALEIRO entre outros.Lampião, trovão, Corisco / K7, CD e Disco / Carranca do São Francisco / Tudo vai no Cascabulhoâ€, versa o poeta Antônio Marinho, que abre Brincando de coisa séria, terceiro long-play dos recifenses. Surgidos há 13 anos, ocuparam palcos de Abril Pro Rock a Estados Unidos e Europa, sem nem mesmo um disco gravado. Pode parecer Bonde do Rolê, mas não é.Filhos bastardos do manguebit que coexistem entre baião, maracatu, forró, e coco deixam de lado aspirações eletrônicas do dogma “mangueÃsticoâ€. É Marinho que entoa corretamente então “Tudo vai no Cascabulhoâ€, antecipando a vestimenta tÃpica nordestina a que, mais uma vez, o grupo adere de corpo e alma.Do inÃcio ao fim o disco é uma festa. Enquanto pifares, tambores e metais fazem em conjunto um som alto e (também) astral, a voz de Kléber Magrão releva sua importância. Não por sua cantoria estar além, mas sim pela mistura que cria com o instrumental na medida exata, transformando as letras em histórias divertidas a serem cantadas.É assim a segunda faixa Rua do HospÃcio, uma crônica urbana dançante que deixa um gosto de quero mais com suas flautas e sax de “big band†nordestina. Já Ciranda se faz como contraponto no disco, por ter seu ritmo lento e, propositalmente para ser dançada a dois. Portanto, o sax, que na anterior predominava como agente animador, faz nesta um meloso solo de forró universitário.Entre as muitas referências presentes, ouvimos o que poderia ser uma faixa perdida de Nação Zumbi, a penúltima Quatro Dias. É também a prova que a banda pode fazer um excelente som pesado, uma das únicas com elementos eletrônicos. Em Na Mata a voz de Magrão se sustém alta e aguda, enquanto a entoação de Zeca Baleiro faz uma agradável participação para o pano de fundo folclórico.Com o passo firme o quinteto se reinventa numa deliciosa coleção de músicas, que mistura com muito orgulho ritmos regionais. Suas composições remetem elementos do pop com um certo quê de jazz carnavalesco inteligente. É ouvir e agradecer de braços abertos essa brincadeira made in Brazil.Marcelo Santos Costa