Assim, com simplicidade, Mombaça define seu estilo musical. Simplicidade, contudo, que esconde uma complexa teia harmonizada de influências, estilos e direções, todas condensadas nesse músico que, por escolha própria, fez-se Mombaça.
Eclético ao extremo, capaz de sincretizar os hinos cristãos de sua infância com os tambores de umbanda ouvidos secretamente antes de dormir, Mombaça abraça sem preconceitos estilos variados, compondo desde MPB pop, ecoando um quê daquele rock n’ roll clássico, passando por samba, com ou sem funk, até reggaes balançantes e engajados. Sem o peso da didática, através de suas letras e o violão, seu instrumento de cabeceira, Mombaça adiciona à sua já farta e rica salada musical e cultural, um tempero social, ausente em muitos, de consciência e conscientização.
No entanto, num contexto musical cada vez mais relegado a rótulos e temerosos ouvintes rotulados, como abordar uma postura tão abrangente e convidativa? Com ouvidos limpos, mente aberta, corpo solto e bom humor: há um pouco de tudo para todos. As canções mesmas que o digam, com suas harmonias claras e cativantes, as letras românticas e engenhosas, sem melodrama, e os ritmos evocando um funk Tim Maia ou um soul da melhor tradição James Brown, como Obnubilado ou Chega, esta composta em parceria com Mart’Nália.
Soul, esse, que ainda reaparece perfeitamente misturado a uma batida hip-hop e espertas letras engajadas, em Conferência Nacional, ou alma, essa, que aparece no balanço em contratempo de um wah-wah, um órgão, um baixo recheado e uma batida reggae a la Bob Marley, com clássicas letras de protesto, em Reparação.
Enfim... Tem, até, Beatles aparecendo na canção Paciência, onde após uma breve e intrigante entrada de tambores, inicia-se uma divertida melodia, com uma longa e engraçada onomatopéia sustentada por um ritmo e backing vocals evocando canções como Good Day Sunshine!
Este é o Mombaça Popular Brasileiro, diverso, divertido, inspirado... Dizer o quê?
Dju-bi-dju-bi-dju-bi...
Por Antonio de Luna