Um dos shows mais viscerais de São Paulo, o Capim Maluco foi formado em meados de 2000, no interior do estado (Paraguaçu Paulista). Com uma sonoridade vigorosa e empolgante, o grupo é um projeto do guitarrista, vocalista e compositor Rafael Laguna, que o foi aprimorando ao longo de várias mudanças de cidade e de formação. O álbum Flamingo é o salto esperado nessa carreira: repertório pinçado de todas as fases, arredondado pelo power trio (com Rodrigo Bernardes no baixo e agora Gutemberg de Almeida (Zefirina Bomba) na bateria que é a formação atual. “O Capim vem evoluindo, dos 3 acordes para influências até de jazzâ€, diz Rafael. Mas o resultado do disco é coeso. A mesma pegada garageira, tanto em composições antigas como a porrada de abertura, “Endoidarâ€, até as mais recentes “Wasted’n’Oldâ€, ou “FÃÃÃâ€. Essa última é parceria com o baixista Rodrigo, que também é guitarrista em bandas mais “jazzy†e experimentais, como Freetools e Zappanois – a nóia sonora de “FÃÃÆganhou em estúdio o reforço do sax tenor de Márcio Negri (que toca, entre outros, com o saxofonista Bocato). Destaques também são “Foolâ€, outra composição recente, que tem uma sonoridade mais moderna e dançante, quase um disco-punk, e a climática instrumental “Momentoâ€, que fecha o álbum. Serginho Serra, do Ultraje a Rigor, é o outro convidado do CD, em “Revolta do Vizinhoâ€.
“O conceito desse CD foi fazer uma coisa mais distinta, sem perder o ataque da bandaâ€, diz Rafael. De fato, a capa sóbria e classuda de Flamingo está a anos-luz de distância da capa da primeira demo, Real Mundo Imaginário, que trazia uma foto (verdadeira) de Rafael de porre, vomitando. Mas também é verdade que a banda não perdeu uma gota de sua contundência original. Tanto que duas das quatro músicas dessa demo estão no álbum, e permanecem atuais. Diz o produtor Carlos “Blinque†Milhomen (boss do selo e estúdio Objeto Sonoro, junto com Alê Manso) que o trabalho em estúdio foi exatamente burilar os detalhes – inclusive microfonias que parecem estar lá por acaso, ou solos trabalhados –, mas sem abrir mão da intensidade do grupo, que foi exatamente o que conquistou o pessoal do Objeto Sonoro.
Rafael ouviu o rock dos anos 90 – Nirvana, Sonic Youth, Mudhoney, Pavement, Dinosaur Jr., Superchunk, Smashing Pumpkins, Foo Fighters, Yo La Tengo, Queens of the Stone Age – como porta para pesquisar a psicodelia e a contracultura dos anos 60 e 70, particularmente em sua vertente mais pesada e experimental – Hendrix, Led Zeppelin, Doors, Zappa, Humble Pie, Stooges, MC5, King Crimson. O resultado é o guitarrista chama de “grassrock†ou de “rockelétricodistorsionâ€. Tem a ver com stoner-rock? “Temâ€, diz Rafael, “mas o QOTSA, por exemplo, tem cinco malucos – nós somos só três malucos, o que determina mais simplicidade†(risos). Rafael também não se incomoda em filtrar essa mistura aos poucos, sem prazos nem pressão para gravar entre a agenda de shows da banda, “tipo Pati Smith†(risos), conquistando aos poucos boa repercussão entre a mÃdia especializada (revista MTV, Dynamite, Guitar Player, Correio Brasiliense, Rádio CCSP, Urbanaque). O primeiro clipe de Flamingo, “Endoidar†já está rodando na grade de programação da MTV Brasil e MyspaceTV.
Capim Maluco - Endoidar
Clipe novo da música Endoidar AQUI