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Por Lia Baron
Em seu primeiro disco, autoral e independente, Edu Krieger demonstra reverência a toda tradição da música brasileira - em especial, à vertente samba. Mas ousa abrir mão do "à moda antiga" e, com propriedade, arrisca atualidade na forma de compor e executar as 14 faixas. Os louros do resultado do álbum devem ser divididos com o produtor Lucas Marcier, que opera recursos eletrônicos com consciência e elegância. Suas programações e sintetizadores integram-se harmonicamente a uma base mais clássica de samba, choro e forró, havendo ainda espaço para os instrumentos "plugados": tudo em seu lugar.
Já bastante rodado nos palcos cariocas e filho do renomado compositor e maestro Edino Krieger, Edu assume voz e violão (inclusive de sete cordas) em todas as faixas. Por vezes, ataca de pandeiro, cavaco e banjo. Nilze Carvalho é convidada para fazer o bandolim de "Novo Amor" e o francês-quase-carioca Nicolas Krassik traz seu violino para "A Lua é Testemunha". Em "Temporais", reinam absolutos as vozes e violões de Edu e Geraldo Azevedo, único parceiro no disco.
Gravada recentemente por MaÃra Martins em seu Processo de Feitura, "Temporais" não foi a única faixa do disco a ter seu ineditismo quebrado. Maria Rita (em Segundo), Ryta de Cássia (em Bicho Doméstico) e Pedro Luis e a Parede (em Zona e Progresso) também já haviam apostado na bela "Ciranda do mundo" - que abre o álbum -, tornando familiares os versos: "Pela profecia / o mundo ia se acabar / pelo vagabundo / Deixa o mundo como está / Pelo ser humano / Pelo cano o mundo vai, ou não / Pelo cirandeiro o mundo inteiro vai rodar". Estreando em disco, Edu confirma, com sua própria voz, o que há muito já vinha sendo anunciado: está aà uma farta fonte para nossos intérpretes.