Péri está de volta com o CD
2º TempoNeste seu quinto trabalho, o cantor e compositor mantém o pé fincado no samba, ritmo que abraçou no cd anterior, mas, dessa vez ele não está sozinho.
Os que ouviram o elogiado cd Samba passarinho , lançado por Péri em 2005 e finalista dos Prêmios Tim e Grammy Latino, hão de imaginar que 2º Tempo, novo trabalho que está chegando agora ao mercado pelo selo Baticum, com distribuição internacional da Tratore, seja uma continuidade do mergulho que o compositor e cantor fez no mais brasileiro dos ritmos. E não estarão de todo errados, já que, mais uma vez, o artista esbanja competência ao abraçar o samba.
Para realizar este 2ºTempo, Péri, que se diz imensamente feliz com o resultado alcançado com Samba Passarinho, conta que sentiu vontade de dar sequência ao seu jeito de fazer samba. A diferença é que, ao contrário do trabalho anterior, em que fez um cd de voz e violão sozinho em seu estúdio, foi buscar a sonoridade da guitarra semi-acústica em união com a bateria, cercando-se, ainda, de excelentes companhias. O resultado é um trabalho primoroso na sua estrutura e flagrante de uma evolução artística.
Mas iniciar o trabalho não foi tão simples assim. Embora já tivesse formato e conceito do cd em mente, o artista não tinha planos de gravar tão rapidamente um novo trabalho. “Eu queria me dedicar mais ao estudo, mergulhar em pesquisas e, inclusive, flertar com outras linguagens artísticas”, revela ele. Mas, no momento em que considerava estas possibilidades, viu confirmada a sua tese de que a música sempre se impôs em sua vida e que, àquela altura, não seria diferente.
Repentinamente, Péri se viu, mais uma vez, dentro do próprio estúdio (Baticum), de posse da recém-adquirida guitarra semi-acústica, gravando mais uma leva de suas canções. Das 13 que compõem o novo cd, só duas não são suas: Três sorrisos (Mário Lago/Chocolate) - gravada antes por Nelson Gonçalves, e a inédita O Amor (Beto Pellegrino). Trabalho pronto, chamou o baterista Serginho Rezende para unir-se a ele com suas batidas.
Ao final, Péri diz que estava realizado esteticamente, mas longe de estar emocionalmente realizado. O sentimento foi o de alguém que comprara um barco e tivesse vontade de chamar amigos para embarcarem com ele numa viagem. Isto fez com que arregimentasse um grupo de músicos para as participações especiais. Foi então que Péri começou a, efetivamente, construir este 2º Tempo. Ele precisava sentir-se acompanhado, dividindo o prazer da realização. Vieram então o baixista Fernando Nunes (Bola da vez e Dê o fora); o guitarrista Rodrigo Fonseca (Segundo tempo, Mil maravilhas e Veloz), o violonista Webster Santos (O mundo virou e Maledicência), o percussionista Ricardo Valverde (Segundo tempo e Cadê quem) e o violinista Ricardo Herz (O amor).
Ao estarem todos no mar, fala Péri, da areia avistou outro grupo que também desejou chamar para seguir viagem. É nesse momento que ele decide convocar belas vozes femininas para dar o fechamento desejado ao trabalho.
Coincidência ou não, Péri, que migrou da Bahia para São Paulo, mas, nunca deixou de reafirmar suas origens nas letras de suas composições e nas suas falas, foi buscar uma seleção de baianas para dividir com ele os vocais em quatro faixas do cd. Vânia Abreu, fiel intérprete de composições suas, brilha em O mundo virou; Jussara Silveira, amiga de longas datas, aparece em Veloz; Marcela Bellas, que Péri viu num show em São Paulo e cuja modernidade o encantou, chega em Dor de cotovelo; e com Sylvia Patrícia, outra amiga dos tempos de Salvador, ele divide Tem quem queira.
Disposto a aumentar o grupo, Péri ainda chamou Beto Pellegrino, com quem já havia dividido a autoria de Senhora dos prazeres e Nada por não ter em seu cd de estréia, a Cama e a TV, e Luiz Ariston, que assinou com o mesmo Pellegrino O limite, do disco Morda minha língua. Aqui, o primeiro traz O amor e, o segundo, divide com ele Cadê quem.
Enfim, a se considerar a máxima de que o samba só é bom quando tem gente bamba, 2º Tempo é um trabalho sob medida, e seu autor pode comemorar o fato de tê-lo deixado entrar em seu script.
Vanderlei Carvalho
Sintonia Fina
168
Nov 2008
O cantor e compositor baiano Péri lança seu quarto disco solo e dá seqüência a uma carreira que começou na virada dos anos 90, se tornando um dos jovens talentos mais promissores da Bahia. Em São Paulo, conquistou a admiração do mundo musical, embora ainda não tenha chegado ao chamado grande público, mas ainda está em tempo, porque seu novo disco é um show de MPB moderna, pop, e muito popular, com novos sambas que retomam as melhores tradições e vão adiante. Como neste Segundo Tempo, que parece um clássico, que poderia ser cantado por João Gilberto.
Nelson Motta
Péri gravado por : Vânia Abreu, Gal Costa, Jussara Silveira, Ceumar, Ione Papas, Eliana Printes, Margareth Menezes, Vanderlei Carvalho, Carlos Navas, Zé Guilherme, Banda Pau dAgua, Banda Zorra,...