Érica Amorim

A “voz” do palco.
Há muito mais coisas entre o palco e a platéia do que sonha a nossa vã filosofia. A preparação de um artista, a maquiagem, a boca da coxia...
Há a vibração inexplicável entre a razão e a sensibilidade ao tocar os pés descalços de um tablado. Feche os olhos e sinta o som que seus pés transmitirão. Quem não permaneceu no centro de um palco à penumbra de uma platéia? Centre-se, tire os sapatos, abra os braços, apague as luzes, sinta, perceba...Ouça... O palco tem voz... História, contexto e sentimento. Mesmo calado, vibra, emana, chora e encanta.
Montar um palco é simples, permanecer dentro de sua “alma”, vai além... Um conjunto se faz presente... – Érica Amorim.
“Um berço ou um palco”? - Não há diferença. Como filha de diretor teatral, posso dizer aqui que nasci num palco. Nasci e cresci nele, vendo as atuações e montagens dirigidas pelo meu pai.
Acredito que a paixão nasceu ali, enquanto era “cobaia” das marcações de seus espetáculos. Lembro de minha infância “em cima” do palco, decorando textos, definindo cenários, iluminação e sonoplastia.
Mas em vez de seguir a mesma carreira dele e tornar-me uma atriz profissional, vivendo seus maiores momentos "em cima" do palco, acabei me apaixonando pela magia que existe "atrás" dele, ou seja, no back stage, e acabei me envolvendo na área de produção.
A adrenalina existente por trás de uma montagem transformou minha vida. Momentos únicos que me fazem viver. Cada show, cada espetáculo, cada detalhe - corre-corre, agitação, cabos, refletores, textos, repertório, passagem de som, cenário... - Detalhes - cada um com sua significância gigantesca para que tudo aconteça da melhor maneira possível - e, por fim, a satisfação de missão cumprida após a realização de cada evento.
Oficialmente, meu batismo foi em 1997, quando ingressei na “FF Produções”, lançando o primeiro CD da cantora Fernanda Fróes, no Tom Brasil, em São Paulo. Mais um desafio se fez presente em todas as minúcias: divulgação, imprensa, planejamentos...Casa lotada... tudo tinha que dar certo. E deu!!!
Foi o início de uma grande jornada de shows, assessoria de imprensa, planejamentos, faculdade de direito... Entre as duas grandes paixões de minha vida - o palco e a faculdade de direito - tive de, temporariamente, escolher um dos caminhos, e, claro, o “bichinho da produção” falou bem mais alto.
Em 2002, além dos trabalhos realizados com Fernanda Fróes, comecei a trabalhar com o músico Arthur Maia.
Em 2005, retornei às minhas raízes, junto ao professor e diretor Fred Tolipan, e, sob a gerência de João Luiz Bernardo, fiz a produção técnica da mostra universitária do “RioCenaContemporanea”, um festival de enorme importância na cena teatral carioca.
Participei da produção do Núcleo de Dança Portadores de Alegria, dirigido por Ademir Martins ( o meu citado pai), formado por portadores de deficiência, sediado Macaé, RJ, e excursiona pelo país participando de mostras e festivais de dança e teatro, conquistando diversos e importantes prêmios.
Mais uma paixão se fez presente: os projetos por leis de incentivo. A elaboração, assessoria e planejamento de projetos por lei de incentivo, aguçaram e ampliaram minha visão sobre a arte e seus papéis dentro da sociedade. Surge então o projeto “Amorim Produções”, que tem como fundamento projetos por leis de incentivo e edições de textos e música.
Após um ano no Rio de Janeiro, em 2006 retornei a cena paulista. Ingressei em um curso de produção cultural com Beatriz Ramsthaler, com quem pude aperfeiçoar mais meus conhecimentos.
Uma incurável Produtora Cultural, realizo em meus projetos e produções as idéias que transbordam da alma e formam um vínculo entre Artista e Público, que eu chamo de “PALCO, ponte da vida”.
Um grande abraço!
Erica Amorim