Antes de qualquer coisa o SeuZé é uma banda que toca música sem se preocupar com a amplitude de significações e abrangência de estilos que o nome música sugere. Se para alguns a diversidade musical pode implicar em falta de identidade ou personalidade, para os Zés a lógica é outra. E não poderia ser diferente. Ora, como esperar que quatro indivÃduos com gostos e referências musicais completamente diferentes produzam um som uniforme que possa ser tachado ou enjaulado em um segmento ou gênero determinados?
É assim, na contramão do que geralmente ocorre com grupos em inÃcio de carreira – formados pelas afinidades – que, desde 2003 o SeuZé, originado em Natal, vem construindo um trabalho sólido a partir das diferenças dos seus músicos. A banda tem a consciência de que em arte não existe originalidade, no máximo pioneirismo. Tudo é referência, reinvenção. É nesse sentido que o grupo não teme assumir a influência que sofre de artistas que, por mais que aparentem não estar em sintonia ou contemporaneidade, se encontram na perpendicular do bom gosto.
Foi o que o tÃtulo do disco de estréia da banda, Festival do Desconcerto (Mudernage Diskos, 2005) quis sugerir. Desconcertar no sentido de dar abrigo a referências que não costumam ser encontradas juntas. Desse modo, o primeiro trabalho do SeuZé pode ser lido e ouvido como um elogio à ironia de Noel Rosa e dos Mutantes, à indignação de Chico Buarque e Radiohead, à melodia de Luiz Gonzaga, Muse e Caetano Veloso. Um manifesto que, por ser sonoro, não lançou mão de carta-manifesto, mas tentou destruir, desconcertar qualquer compromisso estético ou proposta de clausura em algum gênero musical.
Com a repercussão do primeiro álbum, o SeuZé pôde experimentar uma evidência considerável na mÃdia especializada, tanto a nÃvel local quanto nacional. Prova disso foram as sucessivas indicações a premiações relevantes como o Prêmio Toddy de Música e o Prêmio Laboratório Pop, além da participação em festivais importantes como o Ceará Music, a Feira da Música (CE), o TIM MADA e o Festival DoSol (RN). A nÃvel local é freqüentemente lembrado nas cerimônias com mais respaldo no Rio Grande do Norte, como o Prêmio Hangar e o Prêmio Rock Potiguar (nos últimos dois anos, foram 8 prêmios ao todo). Já dividiu palco com Los Hermanos, Nação Zumbi, Nando Reis, Planet Hemp e Biquini Cavadão.
No final de 2007 a banda inicia o lançamento do seu segundo trabalho: A Comédia Humana. Inicia, pois esse será dividido em quatro partes distintas, mas que estão inseridas em um conceito mais abrangente. As 12 músicas que integram o todo serão dividas em 4 compactos, de modo que cada disco terá 3 canções e uma faixa multimÃdia, com material de texto, de foto e de vÃdeo.
O primeiro deles se chama A Comédia Humana: solidão e traz composições que atestam a influência da literatura, especialmente Honoré de Balzac, e da música britânica dos mais recentes Muse e Coldplay, aos clássicos Beatles e Pink Floyd, sobre a produção do grupo. Influências que se destacam dentre outras, mas que não fazem a banda se esquecer do manifesto proposto no primeiro álbum: a criação sem preocupação com as convenções que criaram e continuam a inventar os gêneros musicais, que no final das contas servem para pouca coisa além de organizar os discos nas prateleiras das lojas.
You are now marked on my visitor map!
Create your own visitor map!