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SOBRE ESTE DISCO:
"Nunca a Florcaveira tinha gravado um católico. A oportunidade de gravar um pequeno disco ao Manuel Fúria apareceu sem grande planeamento, quando o Manuel dos Golpes me dizia que queria registar o seu projecto individual. Porque não queria fugir muito ao esquema sonoro dos 400 Golpes (a banda onde é vocalista e guitarrista) foi necessário persuadi-lo a abandonar o prognóstico de guitarras distorcidas e divagações ruidosas. As cantigas que me mostrava na sua casa em Alfama numa manhã ensolarada precisavam de respirar. Até porque o Manuel Fúria tem um bom timbre e a madeira do chão daquela sala merecia que lhe fosse prestada justiça sónica.
Acabámos por nunca gravar em Alfama. Na primeira sessão, onde trabalhámos na "Canção Para o Meu Pai e Para a Minha Mãe", gravámos na sala da minha casa, em Oeiras, onde previa que o meu harmónio fosse a companhia perfeita para a voz fumadora do Manuel Fúria. Depois de captá-los em take directo para o mini-disc foi questão de juntar uma viola tocada com arco e uma segunda voz para cada lado do estéreo. Laborávamos em poupança estética.
A segunda sessão, onde gravámos a versão da canção "Amantes Furiosos" dos Heróis do Mar, foi a mais complicada. Iniciada em Alfama mas terminada numa das salas de um apartamento da Igreja Baptista de Moscavide, foi necessário lutar bastante com a interpretação rÃtmica e vocal até que encontrássemos porto no método de tambores com baixo distorcido.
A terceira e quarta sessões serviram para registar a "Nossa Senhora da Graça dos Degolados", a "Balada das Buzinas" e a "Porta do PrincÃpio". Todas também na Igreja Baptista de Moscavide. No caso da "Nossa Senhora da Graça dos Degolados" o processo fluiu, com o Manuel Fúria a repetir o acompanhamento da viola com arco (prevê-se que se torne uma assinatura sua) e a deslumbrar-se com o órgão existente na Sala de Oração. A "Balada das Buzinas" é mais um lamento acompanhado com dois instrumentos (um harmónio pequeno que por velhice e sujidade teima em dar um som terrivelmente diminuto e a tal viola tocada com o arco) do que propriamente uma canção. Talvez por isso seja o momento mais peculiar deste disco. Por último, a "Porta do PrincÃpio" ganhou um embalo quase roque (a ideia inicial do Manuel Fúria era fazer música roque, ideia que me orgulho em ter conseguido sabotar) à medida que parte considerável da letra ia sendo reescrita enquanto os takes se somavam. Para toque final surgiu um teclado Casio pleno de registos artificiais. A derradeira contaminação que a alva alma católica do Manuel Fúria carecia de um protestante como eu.
TIAGO GUILLUL. 1 de AGOSTO DE 2007"
"Num desses fins de tarde de Verão em que resolvemos arrumar velhos papéis, no quarto da nossa infância e adolescência, encontrei uma lista de nomes para possÃveis bandas de roque que registei quando devia ter 13 ou 14 anos. Entre vários tÃtulos contavam-se “Hotel Saraiva de Carvalhoâ€, “Pensão Caroço†ou “Overdoseâ€, mas foi o nome “As Aventuras do Homem Arranha†que mais me impressionou. Pela inocência de graça espontânea e infantil, mas sobretudo por carregar consigo uma espécie de dureza que deve muito pouco à primeira impressão.
Este pareceu-me ser o nome ideal para dar a esta primeira compilação de canções que gravei com a ajuda do Tiago Guillul. Porque são canções que de alguma maneira me devolvem a um imaginário infantil e adolescente de rapaz que cresceu na provÃncia e ao mesmo tempo entram de maneira abrupta na dureza cosmopolita de uma cidade como Lisboa.
Este é um disco entre esses dois mundos.
MANUEL FÚRIA. NOVEMBRO 2007