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O Ensemble Ad-Dafina formou-se em finais de 2004 com Hugo Tristão nas percussões arabes e turcas e por Gonçalo Lopes em clarinete e clarinete baixo.
Depois de ouvir música turca, mais precisamente a música das comunidades “romani†(cigana) de Istâmbul, salta ao ouvido, mesmo desatento, a extraordinária semelhança com a música de metais das comunidades ciganas na zona balcânica do Mediterrâneo. No entanto a lógica harmónica baseada em progressões de acordes e de vozes simultâneas encadeadas de forma contrapontÃstica tão cara à música ocidental deixa de existir. Até as “terceirinhas†paralelas desaparecem completamente. Aqui o unÃssono é rei, ainda que possa estar muitas vezes ornamentado. Aparecem também umas notas aparentemente desafinadas para os ouvidos ocidentais mais desatentos não fossem os instrumentos desafinarem todos nos mesmos sÃtios da melodia ainda por cima exactamente o mesmo numero de comas. Os quartos de tom aparecem também no ocidente como por exemplo nas gaitas trasmontanas mas não são levados a sério e geralmente diz-se que os gaiteiros só tocam assim por que são desafinados. Em todo o mundo Ãrabe e Turco os quartos de tom são protegidos e devidamente classificados e organizados juntamente com as notas temperadas em escalas chamadas maqamat-plural de maqam. Depois de se apreciar as diferenças parece-nos que existem, no entanto, extraordinárias semelhanças na maneira de sentir com a música portuguesa. Por exemplo na introdução do tema turco “Sultâni Yeagâ Sïrto†que se parece com um fado (pedindo perdão aos mais puristas); ou os ritmos tradicionais tocados no bendir, em Marrocos, Argélia e TunÃsia quando comparados com os ritmos das adufeiras de Monsanto e Penha Garcia.
Não pretendemos fazer trabalho de recolha exaustiva de género musicológico de gravador em punho porque, acima de tudo, somos músicos. Queremos apenas partilhar com os ouvintes a experiência e gosto que temos por uma música que está longe e perto ao mesmo tempo.